Hoje não tem crônica confessional, não lamentarei a mulher que não me ama, não vou reclamar do meu time porque irei responder tardiamente Xico Sá sobre qual seria meu jornal de notícias dos sonhos.
Vamos lá:
– Semanal, sempre preto & branco, tabloide, segunda-feira, capa com poucos elementos, manchetes de no máximo três palavras, 32 páginas;
– Não teria cadernos, nem suplementos;
– Poucas fotografias, algumas ilustrações, uma matéria longa, uma matéria curta, uma matéria longa, uma matéria curta; uma matéria necessariamente de Jornalismo Investigativo, nem que seja para investigarmos o porquê de Jorge Ben afirmar que vai contar uma história de amor em Taj Mahal e não contar;
– Quatro cronistas que falem de futebol, mulher, música e poesia;
– Horóscopo às avessas;
– Um perfil de gente como a gente;
– Uma entrevista com um jornalista de velha guarda, sem tópicos ou pergunta corrida, por favor;
– Ombudsman;
– Uma carta direcionada a algum personagem público;
– Pequeno editorial e o restante da página 2 para Painel dos Leitores;
– Não teria publicidade, apenas uma confraria editorial de cidadãos dotados de algum espírito cívico e poder financeiro mediano, assinantes que pagariam quanto acreditam que o jornal vale, distribuição setorizada em espaços culturais, como bibliotecas e cafeterias, e locais de intensidade urbana, como a Rua XV; prestação de contas mensal;
– Histórias em quadrinhos;
– Alguma forma nova de falar de gastronomia rude e dos bares sujos;
– Crítica musical na primeira pessoa;
– Ah, uma letra de Paulo Cesar Pinheiro;
– Um poema;
– Uma página com relatos sobre o primeiro amor, outra sobre encontros amorosos.
É isso. Estou onírico e ingênuo hoje. Não me levem a sério.