Iara Amaral| Foto:

Entro e vejo todas as mesas e seus pequenos compartimentos, cada qual com seu jornalista em ritmo de fechamento de edição. É quase dez da noite. Estou corroendo-me de nervosismo e, para não me ajudar, a primeira pessoa que enxergo a trabalhar é José Carlos Fernandes – correndo conferir se a grafia do nome dele está correta, ando a cometer inúmeros erros ortográficos e vergonhosos por esses tempos.

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Farei uma pequena matéria, freelancer, sobre o II Fórum Mundial de Contatados, o supra-sumo do segmento ufológico mundial, quiçá, universal. Pesquiso sobre os palestrantes, tento não falar com ninguém ao meu redor além do estritamente necessário, não quero atrapalhar, e percebo como o fim do Cruzeiro na Libertadores está próximo. [Certo meu pai quando dizia que no dia em que um time argentino está pra não tomar gol, não há o que fazer.]

Sinto-me como aquele mesmo menino que, aos 18 anos, viu como se fechava a capa de um jornal do interior, aquela coisa cheia de sangue e velocidade que se entregava quatro horas depois, nas madrugadas de frio e chuva. Ver uma redação em rotativa pela primeira vez é uma experiência efusiva aos sentidos.

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Sabe, me perdoe por aquilo que te direi, eu sou um jornalista que escreve muito mal. Não espere muita coisa do que estará assinado em meu nome. Deve ter um bolchevique dentro de mim, que me faz escrever coisas com cem anos de passado e ligar uma palavra na outra de modo indubitavelmente anacrônico. É mais fácil de escrever sobre fluxo de consciência do que um acidente de carro. Detalhe: nada te garante que sei o que digo no primeiro caso.

Sim, vou me esforçar para escrever coisas que você consiga ler, sem erros crassos, com um pouco de maledicência, é verdade, e, sobretudo, uma boa dose de amor ao papel, este velho instrumento que ainda me faz suar por dentro e me sentir um jovem diante de uma redação inédita e absurdamente gigantesca para o simplório tamanho de meus braços.

Acredite em mim.