Romaria
Alguma coisa se passa no coração dos motoristas quando ultrapassam um carro com uma das portas entreabertas. É como se toda a insanidade do fluxo de uma sexta-feira sem perspectiva parasse por um instante, cedendo espaço a um estranho pacto de cordialidade.
Em menos de dez minutos, três motoristas acenam em minha direção. É o meu Gol 95 e sua porta mal reformada, assim desde 2008, quando um carro em disparada colidiu-nos. Nunca conseguimos localizar o condutor. Um latoeiro foi escolhido para a reforma. Na época, o mais barato. Abro e fecho a porta só para um mais insistente se dar por satisfeito.
À mãe
No balcão de uma lanchonete do Centro, o senhor reclama do excesso de óleo no pastel, que parece ter realizado um movimento peristáltico em direção a sua calça.
– Como vou fazer pra ir à igreja agora?
Enquanto isso, imerso em gripe, leio Carta ao Pai, de Kafka.
O senhor paga o pastel com dinheiro amassado, jogando no balcão, sem entregar na mão da atendente. Pega o troco e sai praguejando mudamente, especulando o passado pecaminoso da mãe do pasteleiro.
Para tempos de guerra
O jornalista sergipano Joel Silveira contava, em tom de anedota, a conversa que ele teve com Assis Chateaubriand, o Chatô, para convencê-lo de sua necessária ida com os pracinhas da FAB ao front da Segunda Guerra Mundial. Depois de convencido, o Chatô só pediu uma coisa:
– Vá, mas não me morra.
Arco do Tempo
A atriz e cantora carioca Soraya Ravenle gosta de Paulo César Pinheiro. Tanto que até gravou seu primeiro álbum de estúdio, Arco do Tempo, somente com composições do sambista da Lapinha.
A canção-título versa sobre corações sem paradeiro e conta com participação da sua filha, Júlia Bernat, que é uma linda:
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