Estrelas, bonequinhos que aplaudem de pé ou dormem sem cerimônia diante da tela. Um, dois, três Gs. Os jornais e revistas brasileiros, assim como grande parte das publicações internacionais que têm uma seção destinada a cinema, procuram orientar o leitor dando aos filmes uma cotação, uma nota. No fundo, querem dizer se o filme merece ser visto, se vale o tempo e o dinheiro do espectador.
Embora façam uso desse recurso já consagrado, a maior parte dos críticos de cinema no fundo se sente desconfortável com o grau de simplificação representado pelo método. Consideram-no reducionista demais. Outros vão mais longe ainda: chamam-no de “flagelo”.
O termo parece um tanto exagerado, mas vamos lá. No dicionário, flagelo, usado enquanto metáfora, significa sofrimento, tortura, desgraça, praga, peste, calamidade, coisa ou pessoa que incomoda. Pois é, a mera utilização de uma nota ou cotação parece incomodar – e muito – quem escreve sobre cinema e vê toda uma reflexão a respeito de uma obra reduzida, sem pudor, a uma cotação, que, para boa parte dos leitores, pode ter maior significado do que o próprio texto.
Sinal dos tempos? Talvez. Mas há quem diga que a crítica não tem mais qualquer influência sobre o sucesso de um filme. A mídia mudou, a internet permite que se saiba muita coisa sobre um filme sem ler uma crítica. Existe um outro sistema de informação, que passa pela publicidade, Quando o filme estréia, o público médio tem a sensação que sabe tudo que precisa. A resenha vira um mero e dispensável detalhe.
O que vocês pensam disso?