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Autenticidade salva o emocionante Coração Louco do lugar-comum

Divulgação
Jeff Bridges consegue fazer de Bad Blake um sujeito carismático e repulsivo.

Coração Louco é um filme convencional. Tanto na forma quanto no conteúdo. Linear e até certo ponto previsível, fala da redenção de Bad Blake, cantor e compositor de country music que, aos 57 anos, sobrevive de shows em bares de beira de estrada, boliches e baladas caipiras. E só funciona à base de muito uísque de milho.

Quatro casamentos, um filho que não vê há 24 anos e nenhum dinheiro no bolso são problemas agravados pelo ressnetimento de ver seu ex-protegido, Tommy Sweet (Colin Farrell), tornar-se um astro, que lota shows e vende milhões de discos, enquanto Bad é um poço de perdas e danos.

O que diferencia Coração Louco de dezenas de histórias de redenção que o cinema norte-americano produz todos anos é a autenticidade contida nos diálogos, nas atuações e na competente direção do estreante Scott Cooper.

A velha e boa fórmula do personagem à beira do abismo que resgata a dignidade sobrevive à obviedade porque negocia com o público um final que, embora até certo ponto redentor, não é fantasioso, totalmente feliz.

Graças ao primoroso desempenho de Jeff Bridges, vencedor do Oscar de melhor ator, Bad ganha complexidade. É capaz de provocar compaixão, repulsa e ternura ao longo da trama. Também valem menção o estupendo Robert Duvall, perfeito no papel do melhor amigo de Bad, e Maggie Gyllenhaal, indicada ao prêmio da Academia na categoria de melhor coadjuvante. Ela, uma ótima atriz, brilha como a jornalista mãe solteira que, ao tentar entrevistar o cantor, acaba se envolvendo emocionalmente e o tirando da rota da autodestruição.

Outro mérito do filme é a espetacular trilha sonora produzida por T-Bone Burnett, que gerou bela “Weary Kind”, vencedora do Oscar de melhor canção original.

Resumo da ópera: já vimos Coração Louco várias vezes antes, é tudo muito familiar e sempre a um passo do clichê. Mas o estilo orgânico, nada pomposo da direção e do roteiro, assim como as atuações, o elevam da trivialidade e dele fazem um filme emocionante que merece ser visto.

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