Muitos acreditavam que o recorde de bilheteria de Titanic, que já durava quase 12 anos, era imbatível. Pertencia a uma era pré-pirataria, anterior aos sites de compartilhamento de arquivos. O filme seria o derradeiro suspiro de um tipo de cinema que não existe mais, capaz de levar várias gerações aos cinemas e reservar a cada uma delas um tipo de prazer. E não é que os defensores dessa tese podem estar errados.
O mesmo James Cameron foi capaz de, com Avatar, que já rendeu US$ 1,3 bilhão no mundo, criar um novo divisor de águas na história do cinema de entretenimento, consolidando a tridimensionalidade como o futuro definitivo de gêneros considerados espetaculares, como ação, aventura e ficção científica.
O que mais me entriga, no entanto, é o fato de Avatar ter acumulado essa bilheteria toda tão rapidamente – é verdade que os ingressos das salas 3D são mais caros – sem ter ganho a dimensão de fenômeno cultural.
Acabo de retornar dos EUA e, embora muito se fale sobre o sucesso do filme do ponto de vista comercial, não vi ninguém fazendo fila para comprar bonecos azuis. Tampouco ouvi a canção-tema do longa tocar nas rádios como “My Heart Will Go On”, na voz de Celine Dion, invadiu as ondas de todo o mundo.
Há quem discuta os “subtextos” nada herméticos de Avatar. Não chega a ser sutil, afinal de contas, a crítica embutida no filme à política externa imperialista dos EUA e ao relativo descaso dos norte-americanos em relação a questões do meio ambiente e a culturas exóticas que desconhecem e tratam com preconceito. Mas os papos não vão muito além disso.
Ainda assim, menosprezar US$ 1,4 bilhão seria ignorância da mídia: o filme é um fenômeno da indústria, não necessariamente um marco em si da cultura pop. Não imagino ninguém fazendo convenções de fãs de Avatar, com gente fantasiada de Na’vi, daqui a 30 anos, como fazem com a franquia Star Wars, por exemplo. Pode ser que as continuações, se elas acontecerem (e devem ocorrer), possam gerar esse efeito.
E será que Avatar vai surpreender e, na última hora, acabar ganhando o Oscar de melhor filme? Eu duvido, porém dinheiro faz milagres.
Moraes eleva confusão de papéis ao ápice em investigação sobre suposto golpe
Indiciamento de Bolsonaro é novo teste para a democracia
Países da Europa estão se preparando para lidar com eventual avanço de Putin sobre o continente
Em rota contra Musk, Lula amplia laços com a China e fecha acordo com concorrente da Starlink
Deixe sua opinião