Pelo jeito, para ganhar prêmios no Cine PE, que se encerrou ontem em Olinda,a estratégia é ter problemas de projeção na sessão oficial. À Beira do Caminho, grande vencedor do festival (melhor filme, roteiro, ator e ator coadjuvante), e Boca, que ganhou em categorias importantes, como melhor direção e atriz (a recifense Hermila Guedes), enfrentaram esses percalços e acabaram sendo compensados pelo júri.
À Beira do Caminho, de Breno Silveira (de 2 Filhos de Francisco), foi exibido com sérios problemas de som na noite de abertura da mostra competitiva e foi reexibido dias depois. Conta a história de um caminhoneiro (João Miguel, melhor ator), que após sofrer um grande trauma em seu passado, cai na estrada sem olhar para trás. Tudo muda quando cruza seu caminho um garoto (Vinicius Nascimento, melhor ator coadjuvante) que acaba de perder a mãe e está a caminho de são Paulo, onde quer encontrar o pai que nunca conhceu.
Contruída em torno de canções de Roberto Carlos, a narrativa do filme peca pela obviedade do roteiro, que busca a todo custo emocionar o público com situações previsíveis e clichês, pontuada por frases de caminhão. Salvam-se a bela fotografia de Lula Carvalho, premiado por Paraísos Artificiais, e a participação breve, porém marcante, de Dira Paes.
O irregular Boca, de Flávio Frederico (melhor direção), teve seus rolos trocados, a sessão teve de ser interrompida e cancelada, no último domingo, e acabou sendo exibido na terça-feira. Conta a trajetória de Hiroito Joanides (Daniel Oliveira), que foi o rei do crime organizado na região da Boca do Lixo no centro de São Paulo, entre os anos 50 e 60.
Estradeiros, melhor filme segundo a crítica, não ganhou qualquer prêmio do júri. Estranho, não? A decisão do júri parece ter sido política, para apaziguar ânimos.
A boa notícia foi o Prêmio Especial do Júri concedido ao curta-metragem paranaense A Fábrica, de Aly Muritiba. Mais um troféu para a coleção já amealhada pelo filme.
Leia abaixo a lista oficial dos premiados:
OS VENCEDORES DO 16º CINE PE
MOSTRA COMPETITIVA DE LONGAS-METRAGENS
Melhor Filme: “À Beira do Caminho”, de Breno Silveira
Direção: Flávio Frederico (Boca)
Ator: João Miguel (À Beira do Caminho)
Atriz: Hermila Guedes (Boca)
Atriz Coadjuvante: Divana Brandão (Paraísos Artificiais)
Ator Coadjuvante: Vinícius Nascimento (À Beira do Caminho)
Roteiro: Patrícia Andrade (À Beira do Caminho)
Fotografia: Lula Carvalho (Paraísos Artificiais)
Montagem: Quito Ribeiro (Paraísos Artificiais)
Trilha Sonora: BiD (Boca)
Direção de Arte: Alberto Grimaldi (Boca)
Edição de Som: Alessandro Laroca, Eduardo Virmond Lima, Armando Torres Jr. (Paraísos Artificiais)
Prêmio Especial do Júri Oficial: ao compositor e músico Jorge Mautner (“Jorge Mautner – O Filho do Holocausto”, de Pedro Bial e Heitor D´Alincourt)
Melhor Filme do Júri Popular: “À Beira do Caminho”
Prêmio da Crítica – “Estradeiros”, de Sérgio Oliveira e Renata Pinheiro
Troféu Gilberto Freyre (honraria especial destinada à produção de longa-metragem que melhor expresse a valorização da identidade nacional): “À Beira do Caminho”.
MOSTRA COMPETITIVA DE CURTAS-METRAGENS
Melhor Filme: “Até a Vista”, de Jorge Furtado
Direção: Thais Fujinaga (L)
Roteiro: Jorge Furtado (Até a Vista)
Fotografia: André Luiz de Luiz (L)
Montagem: Bruno Bini (Depois da Queda)
Edição de Som: Pablo Lamar (Dia Estrelado)
Trilha Sonora: Everton Rodrigues (Até a Vista)
Direção de Arte: Amanda Ferreira (L)
Ator: Felipe de Paula (Até a Vista)
Atriz: Sofia Ferreira (L)
Melhor Filme do Júri Popular: “Depois da Queda”, de Bruno Bini
Prêmio da Crítica: “Isso Não é o Fim”, de João Gabriel
Prêmio Especial do Júri Oficial: “A Fábrica”, de Aly Muritiba
Prêmio Aquisição do Canal Brasil (no valor de R$ 15 mil para o melhor curta-metragem escolhido por júri composto por jornalistas e críticos de cinema): “Di Melo – O Imorrível”, de Alan Oliveira e Rubens Pássaro
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