Há algo notável em Mistéryos, longa-metragem paranaense em exibição na cidade desde a última sexta-feira. Os diretores Beto Carminatti e Pedro Merege, ao adaptar a original literatura altamente visual do escritor Valêncio Xavier, conseguiram transpor para a tela uma Curitiba, quase sempre oculta aos olhos contemporâneos, que foge dos clichês semeados pelo marketing político nas últimas décadas.
Há autenticidade nos sotaques fortes, com toques eslavos; nos paralelepípedos úmidos pelo sereno da madrugada; no casario em estilo arquitetônico eclético, que data do fim do século 19; e num peculiar provincianismo entranhado em seus habitantes. Não é pouco. Quem é daqui sabe do que estou falando
Mistéryos procura fazer uma transposição fiel de cinco narrativas contidas no livro O Mez da Grippe e Outras Histórias, lançado pela editora Companhia das Letras. Esse respeito quase literal pode atrapalhar o filme, criando um certo distanciamento perigoso entre o que está sendo mostrado na tela e o público, que por vezes parece perder o fio da meada, sem compreender aonde o longa pretende chegar.
A limitação, contudo, é em parte compensada, noutros momentos, também pela capacidade de entendimento do universo de casos policiais não-resolvidos, filmes pornográficos desaparecidos e almas notívagas de Valêncio, encarnado em Mistéryos por um misto de alter-ego do autor e narrador, vivido por Carlos Vereza.
Quem assistiu a curtas-metragens de Carminatti, como A Deus Menino e Eternamente, sabe que seus filmes são muito bem-cuidados do ponto de vista visual. Em Mistéryos, essa marca também se faz presente. Dos belos créditos e grafismos à cuidadosa fotografia de Alziro Barbosa.
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