Não acho o sueco Lasse Hallstrom um grande diretor. Gosto de Minha Vida de Cachorro, que ele realizou em sua terra natal, e também tenho simpatia por Regras da Vida, baseado no romance de John Irving. Mas considero Chocolate, indicado ao Oscar de melhor filme, uma bobagem vazia, feita sob medida para quem acha cultura e culinária francesas “chiques”. Vale lembrar aqui que nem mesmo falado na língua de Molière o longa-metragem é.
Espécie de cineasta quebra-galho de projetos menos comerciais e “mais artísticos” de Hollywood, Hallstrom, que começou trabalhando com a banda pop ABBA, sabe dirigir. Só não tem muito estilo, uma marca pessoal. Prova disso é o interessante O Vigarista do Ano, em cartaz no Brasil desde a última sexta-feira.
Richard Gere, em uma de suas melhores atuações dramáticas, vive com convicção o papel de Clifford Irving, o escritor que quase conseguiu armar a maior fraude editorial do século 20: a biografia, supostamente autorizada, do bilionário Howard Hughes (1905-1976).
Gere, em uma atuação contida e cheia de nuances, encarna Clifford Irving num momento crítico de sua carreira. Seu último livro acaba de ser recusado por uma executiva (Hope Davis) da poderosa editora McGraw Hill. Ele está duro e sem perspectiva.
Neste momento de crise, o escritor tem a idéia absurda de escrever a tal biografia de Hughes.
Como o famoso aviador, industrial, produtor e diretor de cinema vive totalmente isolado, sem falar com ninguém há anos, Irving acha que pode convencer a editora que tem sua permissão para escrever o livro. Com esse objetivo, aprende a imitar com perfeição a caligrafia de Hughes em cartas, usando como modelo correspondência do bilionário que aparecera numa revista de grande circulação.
A idéia dá certo e ele consegue assinar um contrato com a editora, que lhe paga US$ 1 milhão, parte dos quais destinada ao bilionário. A revista Life também entra na negociação, para conseguir a permissão de publicar trechos da biografia.O plano, contudo, não é perfeito.
Graças a um roteiro bem amarrado, que explora com inteligência os bastidores do mercado editorial norte-americano, o filme envolve o espectador do princípio ao fim. Falta-lhe uma certa ousadia formal e narrativa, fazendo com que se pareça, por vezes, com um (bom) telefilme. Mas a atuação de Gere e de seus companheiros de elenco, sobretudo Alfred Molina, perfeito como seu companheiro inseguro de trambique, e Marcia Gay Harden, a pintora com quem Clifford é casado, ajudam a fazer com que o filme decole.
Hallstrom, no entanto, não consegue ir muito além do eficiente. Sua direção é apenas burocrática.
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