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Par Perfeito é sério candidato ao prêmio de bomba cinematográfica de 2010
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Divulgação
Katherine Heigl e Ashton Kutcher: par imperfeito.

O velho slogan do Circuito Luiz Severiano Ribeiro, dos mais tradicionais no mercado de exibição brasileiro, dizia: o cinema é a melhor diversão. Uma afirmação tendenciosa, não há como negar, mas não de todo distante da realidade. Há filmes, contudo, que fazem com que o espectador reveja seus conceitos e passe a pensar duas, três vezes, antes de comprar um ingresso. Esse é o caso de Par Perfeito.

A premissa, se não é original, intriga. Katherine Heigl (da série Grey’s Anatomy), atual rainha das comédias românticas, é Jen, uma mulher que apesar de bem crescidinha, alimenta sonhos românticos de encontrar um príncipe encantado. E sempre sob o olhar atento e vigilante do pai, um ex-fuzileiro naval vivido por Tom Selleck, o eterno Magnum, que é uma fera.

Depois de amargar uma desilusão amorosa, Jen viaja à França com os pais e, em Nice, na ensolarada Côte d’Azur, conhece Spencer (Ashton Kutcher, de That 70s Show). Ele tem cara e porte de homem perfeito, mas esconde um segredo cabeludo: é um assassino profissional a serviço de uma agência governamental. O rapaz vê na moça – linda, loira e cheia de virtudes – a possibilidade de recomeçar sua vida, abandonando de vez o ofício de matador.

Depois de três anos de felicidade conjugal, no entanto, o passado obscuro de Spencer ressurge para assombrá-lo. Sua cabeça está a prêmio e literalmente qualquer um pode querer assassiná-lo em troca da recompensa.

A comédia romântica é um gênero fundamental da cinematografia norte-americana, responsável por clássicos que vão de Aconteceu Naquela Noite (1934), de Frank Capra, a Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (1977), dirigido por Woody Allen. Talvez por isso Par Perfeito seja tão insultante. Em momento algum faz justiça ao legado de sutileza e inteligência que essa linhagem fílmica traz no seu DNA.

O longa de Robert Luketic (de Legalmente Loira), embora tenha uma premissa interessante, que o aproxima de Mr. & Mrs. Smith, é infinitamente inferior à história de terror conjugal entre os espiões vividos por Brad Pitt e Angelina Jolie. E, como comédia romântica, não consegue sair jamais do lugar. O roteiro frouxo, as situações inverossímeis, o romantismo formulaico e o humor negro que nun­­ca chega lá fazem de Par Perfeito um sério candidato ao prêmio de bomba do ano.

Se Katherine Heigl quiser mesmo se tornar uma sucessora de Meg Ryan, Julia Roberts e Jennifer Aniston como a nova namoradinha da América, precisa começar a escolher melhor os filmes que faz. Ou pedir de volta seu emprego em Grey’s Anatomy, que ela está deixando na sétima temporada.

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