Reencontrando a Felicidade: doloroso, mas um dos melhores filmes deste ano

Precisava ver um bom filme no cinema. Como assisti a Turnê e Cópia Fiel, os dois melhores títulos em cartaz na cidade, na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo do ano passado, andava meio inquieto, ansioso para ver algo que me proporcionasse mais do que mero entretenimento. Achei hoje o que procurava: Reencontrando a Felicidade, ótimo longa-metragem de John Cameron Mitchell.

Quem viu os dois filmes anteriores do cineasta – o musical punk Hedwig – Rock, Amor e Traição e o erótico Shortbus -, vai estranhar. Reencontrando a Felicidade é um drama com “D” maiúsculo.

Nicole Kidman (indicada ao Oscar por sua atuação no filme) e Aaron Eckhart estão em excelente forma como Becca e Howie, um casal suburbano de classe média alta que perde o filho pequeno, atropelado por um adolescente em frente da casa da família.

Devastados pela perda, os dois tentam, cada um a sua maneira, tocar a vida. Frequentam um grupo de apoio a casais cujos filhos morreram, mas Becca não tolera a ideia de compartilhar com estranhos tudo que vem passando. Acha estéril o blá-blá-blá edificante que dão o tom aos encontros.

Oito meses se passaram desde o acidente e a notícia de que Izzy (Tammy Blanchard), sua irmã mais nova, está grávida, deixa Becca ainda mais vulnerável. A ponto de entrar em confronto com a própria mãe (Dianne Wiest), que também perdeu um filho anos atrás, vítima de uma overdose.

A distância entre Becca e Howie é cada vez maior e ela só começa a enxergar alguma possibilidade de superação quando se aproxima de Jason (Miles Teller), o garoto que matou acidentalmente seu filho.

Dirigido com sensibilidade e economia por Mitchell, que nunca resvala no excesso emocional que uma trama como essa poderia sugerir, Reencontrando a Felicidade não é um filme fácil, pelo contrário. Tem momentos dolorosos, incômodos. Mas o bom roteiro é o ótimo elenco o fazem decolar. é um dos melhores filmes de 2011 até agora.