O grande mérito de Rio, animação de Carlos Saldanha (da série A Era do Gelo)que estreou sexta-feira em grande circuito, é levar ao hegemônico cinema norte-americano uma visão não exótica do Brasil.
Ainda que seja um produto de entretenimento, direcionado primeiramente ao público infantil, o filme não se rende a estereótipos simplistas. Pelo contrário: brinca com eles. Exemplo dessa apropriação é o hilário bulldog Luiz, que, meio ao acaso, se fantasia de Carmen Miranda para brincar o carnaval.
Se a história da ararinha azul Blu, que vai parar no gelado estado de Minnesota depois de ser contrabandeada ilegalmente, não chega a ser supercriativa, os elementos que a ela se agregam ao longo do filme têm enorme frescor.
Como não se encantar com a impagável gangue de micos cariocas, ou não rir muito com o baile funk aviário que rola numa favela da Cidade Maravilhosa?
Visualmente exuberante, Rio não tem um roteiro tão brilhante quanto Toy Story 3, mas seus personagens são tão deliciosos e os diálogos tão afiados, que o resultado superou minhas expectativas.