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Tron – O Legado é previsível e convencional, apesar da embalagem modernosa
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Divulgação
Tratamento estético é o ponto forte de Tron – O Legado.

Há 28 anos, quando realidade virtual e mundo digital eram expressões mais corriqueiras na ficção científica do que no mundo real, Tron, pioneiro entre os filmes com efeitos de computação, naufragou nas bilheterias. Mesmo assim virou objeto de culto entre nerds de várias gerações.

Quase três décadas mais tarde, Tron – O Legado retoma a história com toques retrô e high-tech, e uma luxuosa trilha sonora do duo francês de música eletrônica Daft Punk.

Dirigido por Joseph Kosinski, arquiteto e engenheiro mecânico que se tornou criador multimídia, o novo Tron é um paradoxo ambulante.

Aos 36 anos, Kosinski, criador dos comerciais dos jogos eletrônicos Gears of War e Halo, trouxe à história um tratamento estético espetacular, com efeitos visuais e sonoros impressionantes. Por outro lado, o filme conta uma história mais velha do que andar para frente.

No preâmbulo, Kevin Flynn (Jeff Bridges), protagonista da trama original, desaparece depois de prometer ao filho Sam, então um menino, que passariam o dia seguinte juntos – antes de se despedir, ele dá pistas de que algo importante está prestes a ocorrer. Mas some.

Passados vários anos, Sam (Garrett Hedlund) é um especialista em tecnologia de 27 anos que se recusa a assumir os negócios do pai, mas decide investigar seu desaparecimento. Sabe no fundo que, enquanto não resolver a questão da ausência paterna, nada irá para frente em sua vida. Para tanto, entra no universo tecnológico (seu inconsciente?), onde suspeita que seu pai vive. Lá, numa analogia rasa ao processo psicanalítico, ele enfrenta algo assustador.

Trata-se de um mundo de programas cibernéticos e jogos de luta, com motos e movimentos estilizados, que hipnotizam o espectador ao som da trilha do Daft Punk. Esse arrojo, no entanto, não se reflete na trama, linear e previsível. De Hamlet a Rei Leão, quantos filmes você já assistiu nos quais o tema central é a superação da falta do pai? Tron não aprofunda essa discussão.

Vencedor do Oscar de melhor ator deste ano por Coração Louco, Bridges, de 61 anos, interpreta Kevin e seu clone virtual, de aparência bem mais jovem graças aos efeitos de computação gráfica. São outros bons motivos para conferir um filme apenas regular, mas com uma embalagem sensacional.

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