Se John Lennon estivesse vivo, hoje ele deveria estar muito triste. A terra natal do autor de Imagine – o hino de uma geração que acreditou num mundo livre, sem preconceitos e solidário – optou pela xenofobia, pelo nacionalismo retrógrado e o isolacionismo ao votar pela saída da União Europeia.
A questão da imigração foi um dos pontos centrais da campanha pela desunião, esquecendo-se que os britânicos são um dos povos europeus que mais migraram, colonizando vastas regiões em todo o mundo, com o consequente massacre dos povos nativos na África, na América, na Ásia e na Oceania.
Nos próximos anos a onda reacionária deve avançar sobre a França, onde a ultradireitista Marine Le Pen defende claramente um rompimento com a União Europeia. Após o resultado da votação na Inglaterra, Le Pen se apressou em cobrar a realização de um plebiscito também na França. “Como peço há anos, agora é preciso convocar um plebiscito na França e nos outros países da UE”, disse.
Na Holanda, o líder do movimento é o Geert Wilders, um político de cabeleira oxigenada que lidera as pesquisas de seu país com um projeto político abertamente anti-imigração. “Queremos ser donos de nosso próprio país, de nosso dinheiro, nossas fronteiras e nossa política imigratória”, disse em um comunicado.
A onda começa a virar um tsunami, com tudo de mal que esse fenômeno pode trazer. Na Itália, Matteo Salvini, da Liga Norte, também pede a separação. Os ultra-direitistas estão também na Áustria, com Heinz Christian Strache, na Alemanha, na Bélgica e na Dinamarca.
O Brexit é a oportunidade que os líderes xenófobos – contrários à liberdade de circulação das pessoas, do livre comércio e da união dos povos – têm para implodir o projeto europeu.
A saída da Inglaterra da EU também é o resultado de uma política do fim do bem-estar social dos trabalhadores britânicos, processo que teve início no governo de Margaret Thatcher e se aprofundou mesmo em governos trabalhistas.
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