Por trás da renúncia do deputado Eduardo Cunha à presidência da Câmara está um acordão que envolve o presidente interino da República, Michel Temer (PMDB). A denúncia do acerto foi feita por parlamentares logo após o anúncio de Cunha.
O acordo foi negociado, segundo esses parlamentares, na reunião secreta que Cunha teve com Temer no dia 26 de junho, um domingo à noite, no Palácio do Jaburu, residência oficial do presidente interino.
Entre os pontos da manobra acertada com a base aliada de Temer, também segundo os parlamentares que denunciaram o acordão, está a preservação do mandato de deputado de Cunha. Com isso, o agora ex-presidente da Câmara manteria foro privilegiado, ou seja, os processos contra ele no Supremo Tribunal Federal (STF) não poderiam ser enviados para o juiz Sergio Moro, em Curitiba.
Outro ponto do acerto é a eleição do novo presidente da Câmara. Pelo acordo, a base de Temer se comprometeu a eleger um aliado de Cunha, segundo os parlamentares que acusam o acordão.
O deputado federal Henrique Fontana (PT-RS) é um dos parlamentares que denunciam o acordão. Segundo Fontana, o acordo entre Cunha e Temer prevê livrar o deputado da cassação de seu mandato.
O deputado Ivan Valente (PSOL-SP), líder de seu partido na Câmara, disse que a manobra não vai funcionar e que a cassação do peemedebista será inevitável. “Se o Cunha e o Temer acham que com isso não haverá cassação no plenário, acordão não passará”, afirmou.
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) concorda com Fontana. “Renúncia de Cunha tem cheiro de pizza e o cozinheiro responsável é Michel Temer. A cena do crime está montada: Eduardo Cunha renuncia à presidência da Câmara, mas mantém o mandato. Com isso, passa a articular a candidatura do seu sucessor, que terá a missão de evitar a cassação do seu chefe. Tudo isso com a conivência de PSDB e DEM e a regência do presidente interino Michel Temer”, afirmou Lindbergh.
Para o deputado Chico Alencar (Psol-RJ), a renúncia é uma “manobra”: “É evidente que esta saída de Cunha é uma manobra política”, denunciou.
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