O ex-governador Geraldo Alckmin dominou a cena política do estado de São Paulo nas duas primeiras décadas deste século. Foi eleito três vezes governador e chegou ao segundo turno das eleições presidenciais, em 2006, contra o ex-presidente Lula. Em 2018, no entanto, o tucano saiu das urnas com enorme fracasso: amargou o quarto lugar na corrida presidencial, com apenas 4,76% dos votos. Agora, quando muitos o consideravam aposentado, Alckmin ressurge como um dos favoritos ao governo paulista e se transformou em peça-chave na disputa presidencial para 2022.
O que mais impactou nas últimas semanas foram as articulações em torno do nome do ex-governador tucano para ser vice de Lula. Na avaliação de muitos líderes políticos e analistas, tal aliança poderia esvaziar candidaturas da chamada terceira via e tirar votos do presidente Jair Bolsonaro, que deve tentar a reeleição e hoje está em segundo lugar nas pesquisas.
Bolsonaro sabe do potencial eleitoral de uma quase impossível dobradinha Lula-Alckmin. Tanto que reagiu atacando. “A partir do momento que eu vejo o Alckmin dizendo que Lula respeita a democracia, é sinal de que ele não entende nada fora do Brasil. Ele poderia ver como é o regime venezuelano, como está vivendo o povo. Uma ideologia apoiada pelo Lula", disse Bolsonaro ao classificar a cogitada aliança de “vale tudo pelo poder”.
Em que pese ser muito difícil uma composição entre o ex-governador tucano e Lula, até agora nenhum dos dois lados descartou a aliança, que há alguns anos era impensável.
Nesta segunda-feira (15), Lula fez várias postagens nas redes sociais sobre a cogitada aliança com Alckmin. O ex-presidente brincou, dizendo que já tem “22 vices”, mas não rechaçou o nome do tucano.
“Tenho extraordinária relação de respeito com o Alckmin, fui presidente enquanto ele era governador. Não há nada que aconteceu entre nós que não possa ser reconciliado”, escreveu Lula.
Na última sexta-feira (12), em conversa com jornalistas, Alckmin agradeceu e se disse “honrado” com a lembrança de seu nome para ser vice de Lula. “Já disseram que eu vou ser candidato a senador, a governador, a vice-presidente. Vamos ouvir. Fico muito honrado com a lembrança do meu nome”, comentou.
O ex-governador tucano também disse estar aberto ao diálogo, mas frisou que não é o momento para decisão. “A eleição não é no mês que vem. É em outubro do ano que vem, aí a gente vai chamar vocês e vamos dar os novos caminhos. Não vai demorar muito, não”, afirmou.
Já disseram que eu vou ser candidato a senador, a governador, a vice-presidente. Vamos ouvir. Fico muito honrado com a lembrança do meu nome.
Geraldo Alckmin, sobre a possibilidade de ser vice de Lula em 2022.
Em um relatório enviado a clientes na sexta-feira (12) e divulgado pelo site Money Times – especializado em finanças e investimentos –, a MCM Consultores alerta para a possibilidade de uma chapa Lula-Alckmin vencer a eleição presidencial no segundo turno. “Para Lula, seria muito conveniente ter Alckmin como vice. Do ponto de vista estritamente eleitoral, vices não influenciam significativamente a decisão de voto do eleitor. Mas, no caso de Lula, a companhia de Alckmin poderia amenizar a resistência de setores da sociedade e do eleitorado ao retorno do PT ao poder federal”, apontou a consultoria.
O caminho a seguir por Alckmin depende do partido ao qual ele deverá se filiar após sair do PSDB – o ex-governador já declarou que deixará o ninho tucano, onde perdeu espaço para o grupo do governador João Doria. No radar estão PSD, de Gilberto Kassab; União Brasil, partido que será criado a partir da fusão do DEM com o PSL; e ainda o PSB, do ex-governador Márcio França. A composição que viabilizaria a difícil composição Lula-Alckmin seria a filiação do tucano ao PSB. França, que foi companheiro de chapa de Alckmin em 2014, quer ser candidato ao governo. Para isso, busca um acordo na tentativa de evitar o enfrentamento com adversários como Alckmin e Haddad.
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