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Certas Palavras

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Eleições 2022

As mensagens que a população depositou nas urnas

Mensagens das urnas
População enfrentou fila pra votar: exercício do voto reforça a democracia. (Foto: Reprodução/Facebook)

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A decisão dos eleitores e das eleitoras de levar a disputa presidencial para o segundo turno expõe vários fatos da realidade política brasileira neste momento. Entre os principais deles, três podem ser destacados: 1) persiste a polarização registrada no país em 2018, entre bolsonaristas e petistas, mas com inversão (houve aumento do número de eleitores do PT, que agora ficou em primeiro lugar); 2) a maioria (cerca de 56% dos votantes) não concorda com a reeleição do presidente Jair Bolsonaro; 3) há também maioria (cerca de 52% dos eleitores) que não concorda com a volta do ex-presidente Lula.

O segundo turno, previsto na Constituição de 1988, é fundamental para que o país possa sair das urnas com um candidato eleito pela maioria. É no período até o próximo dia 30 de outubro que a parcela da população que não votou em Lula ou Bolsonaro tem a oportunidade de refletir para ver qual das duas propostas está mais próxima do que ela defende. É também uma chance para quem não participou da escolha no primeiro turno dar agora a sua contribuição na decisão dos rumos do país. E há ainda a opção de se mudar de voto, caso considere que não fez a melhor escolha no primeiro turno.

O peso dos eleitores de Lula deixa evidente que grande parcela dos votantes decidiu rejeitar uma série de ações que foram normalizadas no Brasil nos últimos anos: aumento da desigualdade entre os mais pobres e os mais ricos; volta da miséria, com milhões de pessoas com insegurança alimentar ou passando fome; indiferença diante de uma pandemia que deixou mais de 680 mil mortos; ataque às instituições para causar instabilidade e colocar em risco a democracia; retirada de direitos; descuido com o meio ambiente; uso da fé para tirar vantagens eleitorais e a mistura de religião com política; ausência de políticas contra a discriminação, como discriminação social, racial e de gênero; incentivo à violência e a propagação do ódio; disseminação de desinformação e ataques contra profissionais de jornalismo;

Muitos dos temas listados acima são também destacados por outros/as candidatos/as, o que significa que não são exclusivos de Lula.

Da mesma forma, o forte peso do eleitorado de Bolsonaro demonstra que outra parcela significante da população brasileira prioriza questões como privatização, redução do tamanho e do papel do Estado, corrupção, mudanças no Supremo Tribunal Federal (STF) e liberação de armas à população civil na hora de decidir seu voto. Esse dado, entretanto, não significa que são bandeiras exclusiva de bolsonaristas. O combate à corrupção, por exemplo, é um tema que tem apoio dos eleitores de todos os candidatos da corrida presidencial. Há unanimidade no país (exceto para alguns beneficiários) de que a corrupção é um mal que precisa ser extirpado.

Agora, os eleitores que não votaram em Lula e Bolsonaro terão a chance de comparar as similaridades e as divergências dos programas de seus candidatos no primeiro turno com as propostas dos dois finalistas. Do lado dos candidatos, será o momento de ver as afinidades e as discordâncias para se formar alianças e composição de forças políticas para ter governabilidade a partir de 2023.

O vencedor estará legitimado para conduzir os rumos do pais e terá de comprovar que é capaz de dar respostas eficientes aos problemas que afligem o país. O julgamento será novamente feito pela população nas urnas daqui há quatro anos. Sem golpes no meio do caminho. Assim é e assim deve ser a democracia.

Em tempo: a maioria dos institutos de pesquisas devem explicação à população por apresentar previsões tão divergentes dos números registrados nas urnas.

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