Com grande apoio popular, mas também alvos de críticas dentro e fora do país, os principais nomes da Lava Jato, o juiz Sérgio Fernando Moro e o procurador Deltan Martinazzo Dallagnol, precisam responder inúmeros questionamentos que representantes de importantes segmentos da sociedade vem insistentemente fazendo.
Independentemente das posições de cada lado, como homens públicos e pelas suas funções públicas, com seus salários pagos pelo dinheiro do contribuinte, Moro e Deltan devem esclarecimentos à sociedade.
Entre essas perguntas que aguardam respostas claras e objetivas, algumas se destacam:
1 – Os direitos humanos, tão duramente conquistados ao longo da história da humanidade, e que somente em regimes de exceção foram violados, não devem ser respeitados durante as investigações?
2 – Há justificativa para os grandes espetáculos midiáticos [como se faz em megashows ou clássicos de futebol] nas ações do Ministério Público Federal, da Justiça Federal e da Polícia Federal? Esses procedimentos espalhafatosos não tiram credibilidade do trabalho dessas instituições?
3 – As prisões temporárias e preventivas se justificam nos casos em que não haja risco de o investigado fugir do país, sem tentativa de atrapalhar as investigações e sem que ocorra recusa do acusado de prestar informações ou colaborar com a apuração?
4 – Por que uns investigados estão presos há muito tempo enquanto outros que, comprovadamente, cometeram crimes estão livres, usufruindo dos benefícios do dinheiro desviado dos cofres públicos?
5 – Por que alguns políticos, como Lula, são investigados em várias frentes, enquanto outros citados na Lava Jato, como Michel Temer, Aécio Neves, José Serra, Renan Calheiros, alguns ministros do atual governo, e inúmeros deputados federais, são “intocáveis”?
6 – Por que as prisões de políticos ou pessoas ligadas a partidos políticos praticamente se resumem a petistas – como José Dirceu, João Vaccari Neto, André Vargas e Guido Mantega – enquanto outros investigados [do PMDB, PP e PSDB], como Eduardo Cunha, são poupados?
7 – Prisões preventivas por longo período de pessoas que não oferecem riscos à sociedade, que não estão condenadas em segunda instância, que não detêm cargos públicos, ferem ou não o estado democrático de direito?
8 – Por que o juiz Sergio Moro se presta a ser usado como garoto de propaganda eleitoral ao posar ao lado de candidatos nas eleições municipais, como no caso em que aparece sorridente junto com João Doria, candidato tucano à Prefeitura de São Paulo?
9 – No caso específico do ex-ministro Guido Mantega, por que uma autorização de prisão de agosto só foi cumprida agora? Se a prisão não era necessária naquela época, por que se tornou necessária agora?
Esses questionamentos não inferem que a atuação de Deltan e Moro descumpre os preceitos constitucionais do país. Pelo contrário, são uma oportunidade para que os dois funcionários públicos esclareçam os pontos de dúvidas, o que poderá justificar suas ações e reforçar a Lava Jato.
A regra da transparência é indispensável e fundamental ao poder público e, consequentemente, à democracia.
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