
Os resultados das eleições para os comandos da Câmara dos Deputados e do Senado Federal apontam dois grandes vencedores: o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o Centrão. Pelo menos no curto prazo, as vitórias do deputado Arthur Lira (PP-AL) e do senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) atrapalham os planos da oposição ao governo e pavimentam o caminho de Bolsonaro para 2022, quando ele deverá disputar a reeleição.
Um dos trunfos imediatos de Bolsonaro é o enfraquecimento da tese de impeachment. Se havia preocupação dos aliados do presidente de que a vitória de um aliado do ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ) pudesse abrir a brechas para os pedidos de afastamento de Bolsonaro, agora essa possibilidade é quase nula no curtíssimo prazo.
As portas que se abrem para Bolsonaro são muitas. Com Lira no comando da Câmara, o presidente terá possibilidade de levar adiante uma série de pontos de sua agenda.
Bolsonaro poderá emplacar suas pautas de costume e conservadoras, avançar nas reformas – como a tributária e a administrativa – defendidas pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e ter acelerada a votação de medidas provisórias (MPs), que têm vigência de 60 dias, prorrogável pelo mesmo período. Durante a gestão de Rodrigo Maia, 64 das 156 MPs apresentadas por Bolsonaro perdeu a vigência por não ter sido votada no prazo.
Outro ponto diz respeito às Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs). Enquanto o Centrão estiver afinado com Bolsonaro, as chances de aprovação de novas CPIs para investigar qualquer denúncia que venha a ocorrer contra o governo são muito baixas.
O curioso é que Pacheco, que recebeu telefonema de Bolsonaro assim que venceu a disputa no Senado, teve apoio do PT. Os senadores petistas votaram em peso no candidato do Palácio do Planalto. Traduzindo, até o PT ajudou a reforçar Bolsonaro para 2022 e o deixa mais confortável no cargo em meio à crise desencadeada pela pandemia de coronavírus.
Mas a conjuntura mostra que, independentemente da vitória folgada dos candidatos do Planalto tanto na Câmara como no Senado, nem tudo será um mar de rosas para Bolsonaro. O triunfo veio graças à aliança com o Centrão, historicamente fisiológico e que, como ocorreu em outros governos, pode pular para fora do barco caso o cenário fique desfavorável ao governo.
O Centrão é uma ‘geleia geral’ de partidos e, desde sua consolidação, tem demonstrado poucas ideias e uma voracidade por cargos e verbas. Bolsonaro certamente será pressionado a partir de agora a abrir espaço no governo para os indicados do grupo. O preço a pagar poderá ser muito alto.
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