Eliminado da Copa da Rússia justificadamente – desde a estreia a seleção não apresentou futebol convincente –, o Brasil deve esquecer um pouco do futebol e se concentrar na disputa de uma outra copa: a dos gigantescos problemas que o país enfrenta. Além das eleições que vêm aí, os brasileiros têm problemas sociais e econômicos de sobra para se preocupar.
O desemprego no país no primeiro trimestre deste ano fechou em 13,1%, de acordo com dados do IBGE. Foi a maior taxa de desemprego trimestral do país desde maio do ano passado. Isso significa que nos três primeiros meses de 2018 mais de 13,7 milhões de pessoas, em média, estavam desempregadas. É uma população bem maior do que a da Bélgica (10,4 milhões de habitantes), por exemplo, que eliminou o Brasil da Copa.
A renda familiar média per capita (por membro da família) no país era de R$ 1.268 em 2017, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Quando o tema é desigualdade, o Brasil está perdendo fácil a Copa. É o décimo país mais desigual do mundo, segundo dados das Nações Unidas. O levantamento usa como referência o chamado Índice de Gini, uma forma de calcular a disparidade de renda. O Brasil, ficou em 0,515 em 2015, mesmo número registrado pela Suazilândia.
A taxa de analfabetismo no país, na faixa de 15 anos ou mais, é de 7,2%, de acordo com dados do IBGE de 2016. No Nordeste a taxa chega a 14,8%. São quase 12 milhões de analfabetos no país, ou seja, a população analfabeta do Brasil é três vezes maior que toda a população da Croácia (4 milhões), que foi classificada para a semifinal da Copa da Rússia. A meta do Plano Nacional de Educação (PNE), lei sancionada em 2014, previa a redução da taxa de analfabetismo para 6,5% em 2015 no país, o que não foi alcançado.
No Brasil, só 26,3% das pessoas com 25 anos ou mais tem o ensino médio completo, e apenas 15,3%, o superior completo.
Mas a tragédia brasileira não para aí. Os brasileiros vivem sob violência extrema. Em 2016, último ano com dados públicos disponíveis, o país registrou 61.283 mortes violentas intencionais, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2017.
Esse número é maior que o de mortes na guerra da Síria. O Departamento de Pesquisa sobre Conflitos e Paz da Universidade de Uppsala, na Suécia, estima que, em 2016, morreram no conflito sírio 44,3 mil pessoas.
A Small Arms Survey, referência mundial para a questão da violência armada, divulgou dados ain da mais alarmantes sobre o Brasil. O país teve, no ano passado, o maior número de mortes violentas do mundo. Foram 70,2 mil óbitos, o que equivale a 12,5% do total de registros em todo o planeta. Em termos absolutos, a entidade aponta que a situação no Brasil supera a violência em Índia, Síria, Nigéria e Venezuela.
Essa triste realidade se reflete no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), divulgado pelas Nações Unidas. O Brasil estagnou em 79º lugar no ranking que abrange 188 países. E corre sério risco de cair.
O primeiro drible para fazer um gol contra todas essas calamidades pode ser dado nas eleições deste ano. Se o país errar, vai continuar perdendo de goleada.
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