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Copa superfaturada com os estádios mais caros da história
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Arquivo Gazeta do Povo

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Agora, com a Copa, Brasília poderá colocar na sua vitrine outras taças nefastas, como a de maior gastador de dinheiro público em um Mundial de Futebol e de detentor dos estádios mais caros da história da competição.

Todos os números comprovam essa aberração. Um levantamento da consultoria KPMG mostra que, dos 20 estádios mais caros do planeta, 10 estão na lista dos que servirão de placo para a Copa no Brasil.

Outro estudo, da organização não governamental dinamarquesa Play the Game, também comprova o disparate. Pelos números da ONG, Coreia do Sul e Japão gastaram para o Mundial de 2002 o total de US$ 243,5 milhões na construção de estádios, montante que dá um custo por assento de US$ 5.070. Na edição seguinte dos jogos da Fifa (2006), a Alemanha desembolsou US$ 198,6 milhões nas arenas (US$ 3,442 por assento). Mas no Brasil, onde as obras ainda estão longe de acabar, o custo médio por assento deve superar US$ 5.886.

Os estudos da KPMG e da Play de Game não levam em conta os aumentos de gastos que todos os dias aparecem, como o novo orçamento da Arena da Baixada, que prevê 20,2% a mais de investimentos. São “só” R$ 54 milhões a mais para ter a Copa em Curitiba. E pelo menos 2/3 desse dinheiro a mais sairão dos bolsos da população.

No que se refere a gastos gerais – infraestrutura para sediar a Copa –, o Brasil também já marcou um golaço contra. Para não usar instituições do exterior, basta verificar um estudo da Consultoria Legislativa do Senado Federal. A análise mostra que a Copa da Alemanha (2006) ficou em US$ 6 bilhões e da África do Sul (2010) em US$ 8 bilhões.

Isso sem falar da Copa dos Estados Unidos (1994), que teve 0,00% de gasto público. Tudo foi bancado pela iniciativa privada.

A conta da Copa em território tupiniquim já chega aos US$ 12 bilhões. Na metade do ano passado, o Ministério dos Esportes divulgou que a organização do Mundial já estava em R$ 28 bilhões. E a previsão do Ministério era que os gastos chegariam a R$ 33 bilhões. Essa estimativa está ultrapassada e há cálculos que apontam R$ 40 bilhões até o final da competição.

Em 2007, quando o Brasil foi anunciado como sede da Copa, a estimativa era de US$ 1,1 bilhão (aproximadamente R$ 2,6 bilhões).

Um dos principais argumentos dos defensores dos gastos na Copa, de que a competição provocará um impulso de desenvolvimento ao país, cai por terra quando analisados exemplos de outros Mundiais. A Copa de 2002 deixou grandes prejuízos para o Japão. O governo japonês tem de arcar até hoje com custos do torneio, segundo a comissão organizadora.

Na Alemanha, em 2006, as expectativas dos organizadores e do governo em relação à criação de empregos estavam superestimadas. Os postos criados se caracterizaram como temporários.

Para Simon Kuper e Stefan Szymanski, autores do livro Soccernomics – uma pesquisa sobre o impacto econômico da Copa nos países que recebem a competição –, sediar um Mundial não traz nenhum legado econômico. Para os dois especialistas, um país ganha muito mais se investir o dinheiro público em escolas e hospitais.

Futebol profissional é atividade privada. Deve jogar as regras de mercado. Não pode viver de financiamento público. Seria privilégio em relação a outros setores.

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