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O Brasil superou os Estados Unidos em número de mortes diárias por Covid-19 e, há uma semana, vem respondendo por cerca de 20% dos óbitos causados pela doença em todo o mundo. Na sexta-feira (12), o mundo registrou 9.826 mortes de infectados pelo novo coronavírus, segundo dados da plataforma Our World in Data, organizados pela Universidade de Oxford com base em levantamento da Universidade Johns Hopkins. Desse total, 2.216 foram em território brasileiro, o que representa 23%.
O Brasil completou neste sábado (13) duas semanas (15 dias) seguidas de recordes da média diária de mortes por Covid-19. Na última semana, a média é de 1.824 óbitos por dia, de acordo com dados do consórcio de veículos de imprensa, com base nos dados das secretarias estaduais de saúde.
Até o último dia 4 de março, os EUA eram o país com maior número de mortes diárias. Mas com o avanço da vacinação e a intensificação de medidas de prevenção após a posse do presidente democrata Joe Biden, o país viu os números de novos casos da doença e de óbitos caírem seguidamente.
O Brasil, ao contrário, desde dezembro do ano passado vem registrando aumento de novos casos e de mortes. Com falta de vacinas e relaxamento das medidas de proteção no fim do ano, o país ultrapassou os EUA em mortes diárias no último dia 5 de março e, a partir daí, não deixou mais a trágica liderança.
Na sexta-feira (12), o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Ghebreyesus, voltou a fazer alerta sobre a situação da pandemia no Brasil. A direção da OMS afirmou que, sem medidas urgentes para conter o vírus, o país será uma ameaça para a América do Sul e para o mundo. "A situação é muito preocupante. Estamos profundamente preocupados", ressaltou Tedros.
Com a piora da pandemia, países vizinhos começam a tomar medidas preventivas. A Argentina restringiu ainda mais os voos com o Brasil e o Uruguai reforçou a vacinação nas cidades que fazem fronteira com o território brasileiro. Os dois países temem que novas variantes, as quais são mais transmissíveis, levem os sistemas de saúde locais ao esgotamento, como está ocorrendo no Brasil.
Apesar de ser o segundo país do mundo, atrás apenas dos EUA, em número absoluto de mortes, em termos proporcionais o Brasil é o 23º colocado. Para muitos especialistas, essa posição se dá graças às fortes medidas preventivas tomadas logo após o início da pandemia, no ano passado, o que impediu a proliferação do vírus. Mas após enfrentar bem a primeira onda, o país relaxou e não se adiantou na compra de vacinas. O resultado dessa combinação é que hoje o Brasil está com o sistema de saúde em colapso e, a cada dia, superando negativamente outros países.
Proporcionalmente, países ricos da Europa que registraram descontrole na primeira onda do coronavírus, como Bélgica, Itália e Reino Unido, têm os maiores números de mortes para cada 100 mil habitantes. Nas ondas subsequentes, esses países sofreram menos.
A China e a Índia, países mais populosos do mundo, apresentam números díspares de mortes por Covid-19. Enquanto apenas 4.839 pessoas morreram até agora na China, segundo dados do governo chinês repassados aos pesquisadores, na Índia chegam a 159 mil.