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Um medicamento barato e de fácil acesso em praticamente todo o mundo, chamado dexametasona, reduz o risco de morte em até um terço entre os pacientes com coronavírus com graves complicações respiratórias. Esse é o resultado de um amplo estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, divulgado nesta terça-feira (16).
O medicamento, no entanto, não deve ser usado por pacientes com sintomas leves da doença nem como prevenção.
Os cientistas descobriram que a droga poderia beneficiar pacientes que dependem de ventiladores ou oxigênio, mas não teve efeito sobre aqueles que não precisavam de ajuda para respirar.
"Com base nesses resultados, seria possível evitar uma morte a cada oito pacientes ventilados ou uma morte a cada 25 pacientes que necessitam de oxigênio", disseram os pesquisadores em comunicado.
Os responsáveis pelos testes afirmaram que um grupo randomizado de 2.104 pacientes recebeu 6 mg de dexametasona por dia durante 10 dias, enquanto outro grupo de 4.321 recebeu tratamento normal.
A dexametasona reduziu as mortes em um quinto nos pacientes alimentados com oxigênio e em um terço nos que precisavam de um ventilador para respirar, mostraram resultados preliminares.
“Esses resultados preliminares são muito claros – a dexametasona reduz o risco de morte em pacientes com complicações respiratórias graves”, afirmou em comunicado Martin Landray, professor de medicina e epidemiologia do Departamento de Saúde da População de Nuffield, Universidade de Oxford, e um dos principais pesquisadores do estudo.
Os cientistas calcularam que, se o medicamento tivesse sido usado para tratar pacientes no Reino Unido desde o início da pandemia, até 5 mil vidas poderiam ter sido salvas. Também observaram que poderia ser de grande benefício nos países em desenvolvimento, com poucos recursos.
Dexametasona já é usada para reduzir a inflamação em várias outras condições. A conclusão do estudo é que a substância parece ajudar a parar alguns dos danos que podem acontecer quando o sistema imunológico do corpo entra em ação, enquanto tenta combater o coronavírus. Chamada de tempestade de citocinas, a reação exagerada do organismo pode ser mortal.
Apesar do medicamento estar disponível globalmente, os responsáveis pelo estudo alertaram que as pessoas não devem sair de casa para comprar dexametasona na tentativa de se prevenir contra a covid-19. A dexametasona não parece ajudar as pessoas com sintomas mais leves do coronavírus, que não precisam de ajuda com a respiração, observaram.
Segundo os pesquisadores, uma variedade de tratamentos em potencial foi sugerida para a covid-19, mas ainda não está claro se algum deles será mais eficaz para melhorar a sobrevida do que o padrão usual de atendimento hospitalar que todos os pacientes devem receber.
O estudo de Oxford também analisou a droga hidroxicloroquina, que foi posteriormente descartada em meio a preocupações de que aumenta mortes e problemas cardíacos. Outro medicamento, o antiviral remdesivir, deu mostra de que diminui o tempo de recuperação de pessoas com coronavírus.