![Enquanto muitos países buscam uma vacina, outros podem até escolher marca Distribuição de vacinas](https://media.gazetadopovo.com.br/2021/05/09201829/Vacinas-escolha-960x540.jpg)
O comissário do Mercado Interno Europeu, Thierry Breton, disse neste domingo (09) que a União Europeia ainda não fez novos pedidos de vacinas Oxford/AstraZeneca para depois junho, quando o contrato atual termina. A revelação veio depois de a Comissão Europeia ter anunciado, na sexta-feira (07), que o bloco comprou 1,8 bilhão de doses do imunizante da Pifizer/BioNTech.
Mas não é só a União Europeia que tem opção de escolher vacina. Na maioria dos países ricos, imunizantes produzidos na China e na Rússia ainda não conseguiram entrar. Os EUA decidiram enviar para outros países seu estoque do imunizante Oxford/AstraZeneca, de 60 milhões de doses. A Dinamarca, depois de descontinuar o uso da AstraZeneca, anunciou também que não fará uso da fórmula da Janssen – empresa do conglomerado Johnson & Johnson – optando pela Moderna e Pfizer.
As posturas de muitos países desenvolvidos retratam uma dura realidade na distribuição de vacinas contra Covid-19 no mundo: enquanto países pobres e de renda média lutam desesperadamente para ter imunizantes, seja qual for a marca, nações ricas têm o privilégio até de escolher o que aplicar.
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, disse no dia em que se comemorou o primeiro aniversário do programa Covax, das Nações Unidas, no mês passado, que quase 1 bilhão de doses de vacinas haviam sido distribuídas globalmente, mas que “81% foram para países de rendimentos médios/altos a altos, enquanto os países de baixos rendimentos receberam apenas 0,3%".
![Vacinação contra Covid-19 concentra na América do Norte e na União Europeia. Vacinação contra Covid-19 concentra na América do Norte e na União Europeia.](https://media.gazetadopovo.com.br/2021/05/10103531/Vacinas-escolha-1.jpg)
No último dia 2 de maio, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, disse que é um “ultraje moral” a incapacidade de se assegurar igualdade no processo de vacinação no mundo. Guterres citou que “10 países administraram 75% de todas as vacinas da covid-19, enquanto que 130 países ainda não receberam uma única dose.”
A diferença na oferta de vacinas pode ser verificada nas decisões de vários países que deixaram de recomendar a aplicação da vacina da AstraZeneca em pessoas não idosas. O Reino Unido, por exemplo, anunciou que a maioria dos adultos com menos de 40 anos receberá uma alternativa à AstraZeneca. A Bélgica interrompeu o uso para pessoas de 18 a 55 anos, mas depois baixou para 40 anos. O comitê alemão recomendou que pessoas com menos de 60 anos que receberam uma injeção de AstraZeneca deveriam receber uma segunda dose de outra vacina, mas na semana passada reabriu o uso para todas as pessoas maiores de idade.
Houve limitação de idade também no Canadá, França, Finlândia, Holanda, Suécia, Portugal e Austrália, entre outros países. Em todos esses países – de economia desenvolvida –, a preferência para uso destinado ao público não idoso é pelo imunizante da Pfizer e da Moderna.
O mesmo acontece com a vacina da Janssen, a qual tem sofrido limitação em alguns países, como a Itália, por exemplo, que chegou a restringir o uso somente para idosos maiores de 60 anos de idade. Portugal recomenda a administração do imunizante da Janssen para as pessoas com mais de 50 anos, mas diz que as pessoas com menos idade podem decidir se querem tomar ou não.
![Vacinas da Moderna e da Pfizer tornara=se preferidas de países ricos. Vacinas da Moderna e da Pfizer tornara=se preferidas de países ricos.](https://media.gazetadopovo.com.br/2021/05/09203900/Moderna-e-Pfizer.jpg)
Em 13 de abril, a Food and Drug Administration (FDA), autoridade sanitária dos EUA, decidiu
suspender a aplicação da vacina da farmacêutica que pertence à Johnson & Johnson. O motivo foi uma reação adversa rara em que a pessoa desenvolve coágulos de sangue. Dez dias depois, a FDA retirou a suspensão temporária e a vacina voltou a ser aplicada.
A sinalização de que a União Europeia deixou em segundo plano a vacina da Oxford/Astrazeneca e as restrições impostas por países trouxeram questionamentos. Recentemente, a agência reguladora de medicamentos da Europa (EMA) informou que estava revisando relatórios de efeitos adversos raros ocorridos com pessoas que receberam a vacina da AstraZeneca. A vacina foi associada a coágulos sanguíneos raros que também aparecem com níveis baixos no sangue, mas não há comprovação de que o imunizante tenha sido a causa desses eventos.
O representante Mercado Interno Europeu enfatizou que o imunizante da AstraZeneca é uma “vacina muito boa”. A EMA também afirma que os benefícios da vacina superam os riscos, assim como autoridades sanitárias em todo o mundo recomendam a continuidade do uso do imunizante.
A vacina Oxford/AstraZeneca foi fundamental para a campanha de imunização da Europa e um pilar na estratégia global para levar vacinas para países mais pobres, uma vez que é mais barata e mais fácil de usar do que a vacina Pfizer. A Inglaterra, por exemplo, fez do imunizante da AstraZeneca a peça central de sua campanha de vacinação bem-sucedida.
O principal motivo da troca da preferência da União Europeia pela Pfizer seria os atrasos da AstraZeneca na entrega de lotes contratados. No último dia 26 de abril, a Comissão Europeia entrou com uma ação judicial contra a AstraZeneca por não ter respeitado o contrato de fornecimento de vacinas contra a Covid-19 e por não ter um plano confiável para garantir as entregas a tempo.
Breton garantiu que o bloco não está fechando as portas para a empresa britânico-sueca. Apesar dessa abertura, a realidade é que a União Europeia vai gastar mais para ter garantia de entrega da vacina BioNTech/Pfizer. "Pode haver um pequeno custo extra, mas vou deixar as autoridades competentes revelarem isso no momento oportuno", disse. Segundo o comissário, o aumento nos custos das vacinas de segunda geração foi devido à pesquisa extra necessária e possíveis mudanças nos equipamentos industriais.
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