Veículos de comunicação de todo o mundo deram destaque ao trecho de um documentário sobre o Papa Francisco em que o pontífice fala da união civil entre pessoas do mesmo sexo. No filme, apresentado no Festival de Cinema de Roma, Francisco diz: “Os homossexuais têm o direito de ter uma família. Eles são filhos de Deus". Apesar de o foco da mídia ter sido esse tema – por ser de grande impacto na Igreja Católica –, o documentário aborda vários outros temas atuais importantes.
O documentário Francesco, dirigido pelo americano de origem russa Evgeny Afineevsky, tem como linha narrativa os ensinamentos e propostas do papa Francisco. A crise desencadeada pela epidemia do novo coronavírus, a violência, a miséria que afeta bilhões de pessoas, as desigualdades econômicas e as mudanças climáticas estão entre os temas abordados.
“A humanidade está passando por uma crise. E não é somente uma crise econômica e financeira. É ecológica, educacional, moral, humana”, declara o Papa, com imagens intercaladas sobre problemas enfrentados atualmente pela humanidade. Em outro trecho, Francisco pede perdão pelos abusos sexuais praticados por alguns representantes da igreja.
Nesta quinta-feira (22), a película recebe o prêmio Kineo, entregue pela 18ª vez a quem promove temas sociais e humanitários. O documentário, que não se propõe a ser uma biografia do papa, foi concluído em junho, em plena crise da pandemia na Europa.
Afineevsky, que entre 2013 e 2016 filmou em cenários de guerra, seguindo as revoluções na Ucrânia e na Síria, diz que a nova produção relança ideias que podem “ajudar a construir uma ponte para um futuro melhor e crescer como comunidade global”. O diretor foi indicado ao Oscar e ao Emmy em 2016 por seu filme "Winter on Fire" e, em 2018, recebeu 3 indicações ao Emmy por "Cries from Syria".
“À medida que avançamos nesta viagem, o nosso guia é o papa Francisco, que nos mostra, com enorme humildade, sabedoria e generosidade, exemplos comoventes das suas lições de vida”, acentua a produção ao apresentar o documentário.
Além de fatos passados e presentes da vida do papa, o filme inclui entrevistas exclusivas com o pontífice, com o papa emérito Bento XVI, com membros da família de Francisco e pessoas próximas dele.
Ao todo, Afineevsky entrevistou mais de 50 pessoas para o filme. Segundo ele, não tanto para que explicassem quem é o papa, mas para que ajudassem a ilustrar as qualidades de Francisco que podem ajudar o mundo.
Em uma das passagens, o papa declara que os homossexuais “são filhos de Deus”, que merecem amor e o cuidado da igreja. Mas, a exemplo do que fez em outras entrevistas, insistiu que o “casamento” só pode ser entre um homem e uma mulher. O que chamou a atenção da mídia foi a parte em que o pontífice diz que a “união civil” pode ser uma forma apropriada de proteger os direitos legais dos homossexuais.
Em outro trecho, Francisco critica aqueles que só pensam em construir muros em vez de construir pontes. Essa crítica é recorrente nas declarações de Francisco.
Rosetta Sannelli, criadora do ‘Prêmio Kinéo de Cinema pela Humanidade’, avaliou que, por meio de imagens e de notícias, o documentário “revela um autêntico vislumbre dos eventos de nosso tempo”.
Em decorrência da pandemia de covid-19, Afineevsky relatou que o filme agora lançado não é o mesmo que ele começou a fazer em 2018, mas que a crise global ressaltou a mensagem principal e forneceu imagens nítidas e surpreendentes para mostrar o que ele queria dizer.
“É uma história da humanidade, que está falhando atualmente”, disse Afineevsky ao site The Catholic Sun. Para ele, o papa Francisco é alguém que, “através das lições de sua vida, aprendeu muito com seus erros e está tentando nos indicar a direção certa”.
A película começa e termina com o Papa Francisco na Praça de São Pedro. A cena inicial é em 27 de março deste ano, quando ele orou na chuva pelo fim da pandemia. A final é em 13 de março de 2013, quando cumprimentou a multidão parada na chuva imediatamente após sua eleição.
A estreia de Francesco no Brasil ainda não tem data definida. Nos Estados Unidos está marcada para 25 de outubro, durante o Festival de Cinema de Savannah.
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