“Se nós não tivermos o voto impresso em 2022, de uma maneira de auditar o voto, nós vamos ter problemas piores que dos Estados Unidos.” A declaração foi feita pelo presidente Jair Bolsonaro nesta quinta-feira pela manhã, na saída do Palácio da Alvorada, em Brasília, e divulgada pelo site Gazeta Brasil, que publica textos favoráveis ao governo. Bolsonaro se referia à invasão do Congresso norte-americano por aliados do presidente Donald Trump, na quarta-feira (6), que resultou na morte de quatro pessoas e foi considerada um ataque à democracia.
O presidente tem insistido que, sem voto de papel, a eleição de 2022 poderá ser fraudada, repetindo discurso de Trump, que acusa fraude na votação que deu vitória ao democrata Joe Biden à Presidência dos EUA. Apesar das afirmações de Trump e Bolsonaro, até agora não houve a comprovação de nenhuma irregularidade nas eleições norte-americanas.
Bolsonaro também previu que a vacinação contra Covid-19 no Brasil não atingirá nem a metade da população. “Pelo que eu sei, menos da metade da população vai tomar vacina (contra Covid-19). E essa pesquisa que eu faço, faço na praia, faço na rua, faço em tudo quanto é lugar”, afirmou no mesmo vídeo divulgado pelo site Gazeta Brasil.
A afirmação de Bolsonaro não encontra respaldo em pesquisas realizadas recentemente. Levantamento do Datafolha divulgado em 12 de dezembro, por exemplo, mostra que 73% dos brasileiros disseram que pretendem tomar vacina contra Covid-19. Apenas 22% responderam que não tomarão o imunizante e 43% são contra a obrigatoriedade. A pesquisa ouviu 2.016 pessoas entre 8 e 10 de dezembro e tem margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Na mesma fala, Bolsonaro procurou justificar sua decisão de suspender a compra de seringas pelo Ministério da Saúde. “Quando eu fui comprar, o preço dobrou. E se eu compro, vão falar que eu comprei superfaturado”, disse ao ressaltar que “não vai faltar seringas”.
Bolsonaro voltou a criticar a imprensa. Usando termos de baixo calão, chamou jornalistas de “sem vergonha” e o apresentador do Jornal Nacional William Bonner, de “canalha”. Na edição do JN de quarta-feira (6), Bonner leu em tom irônico declarações feitas por Bolsonaro atacando a imprensa. Bonner não havia comentado as declarações do presidente até o final da edição deste texto.
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