Oito em cada dez (78%) famílias brasileiras estão endividadas e três em cada dez (29%) estão com contas atrasadas. Esse é o maior percentual de inadimplência registrado desde 2010, quando a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) iniciou a apuração mensal, realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Vários outros estudos mostram que o endividamento dos brasileiros é alarmante e traz um alerta para riscos de explosão da inadimplência.
De acordo com o levantamento da CNC, o endividamento das famílias brasileiras em julho aumentou 0,7 ponto percentual na comparação com o mês anterior e de 6,6 ponto percentual em relação a julho de 2021. Cerca de 22% dos brasileiros estão com mais da metade dos rendimentos comprometidos com dívidas.
O endividamento virou pesadelo para a grande maioria dos brasileiros. A pesquisa trimestral Consumer Pulse, da empresa TransUnion, revela que 79% das pessoas entrevistadas no Brasil indicaram que estavam muito preocupadas com o impacto da inflação em suas vidas e 86% planejavam mudar seu comportamento de compra como consequência. “Em um cenário de pressões econômicas, 37% das pessoas afirmaram que sua renda familiar diminuiu nos últimos três meses”, descrevem os pesquisadores.
O levantamento da TransUnion registra ainda que 59% (gráfico abaixo) - seis em cada dez pesquisados – esperam não conseguir pagar integralmente pelo menos uma de suas contas e empréstimos atuais. Outro dado preocupante é que 37% afirmaram que sua renda familiar diminuiu nos últimos três meses (abril, maio, junho). Apesar dos problemas, a grande maioria (76%) tem esperança de que a situação vai melhorar nos próximos 12 meses.
Outro levantamento, divulgado pelo Jornal Hoje (Globo), com base em dados da Confederação Nacional de Dirigentes, Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), mostra que 63 milhões de brasileiros estão com dificuldade de pagar as dívidas. É o maior número em oito anos. Na comparação com julho de 2021, segundo os números apurados pela reportagem, o endividamento subiu 16,5% e o número de pessoas que estão devendo há mais de 3 meses aumentou quase 40%.
A inadimplência tem sido controlada por medidas que não se sustentam no longo prazo. Saques extras do Fundo de garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e antecipação do 13º salário aos beneficiários do INSS ajudaram a segurar o número de pessoas que não conseguem pagar suas dívidas, mas o efeito é de curto prazo, momentâneo, além de comprometer a situação das pessoas no futuro, quando não terão mais recursos do FGTS.
O salário reduzido está entre as principais causas do aumento do endividamento, que é agravado pela inflação. Segundo dados do Dieese, dos reajustes registrados no Ministério do Trabalho até 10 de agosto, 47,3% ficaram abaixo da inflação de 12 meses medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)]. Houve ganho acimada inflação em 31,8% dos reajustes e, em 20,8%, a inflação foi reposta integralmente.
Os dados compilados pelo Dieese também revelam que os setores da indústria e do comércio apresentaram menores dificuldades em repor a inflação nos salários ou até mesmo conceder reajuste acima do índice inflacionário. Já o setor de serviços, em sua maioria, concedeu reajustes abaixo da inflação.
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