A frase escrita no asfalto – “Jô Soares morra” – traduz a intolerância [ou violência] de muitos brasileiros. Nas redes sociais, logo após a entrevista, houve uma tempestade de calúnias, injúrias e baixarias contra o apresentador.
Quem acompanhou a conversa do Jô com a presidente Dilma Rousseff, exibida na última sexta-feira, não pode afirmar que ele se omitiu de perguntar sobre os principais temas que preocupam as pessoas. Criticar pode, ameaçar não.
O que o Jô não fez na entrevista – e isso certamente irritou alguns telespectadores – foi o uso de agressão verbal. Queriam o que? Que o apresentador fizesse acusações, caluniasse ou pronunciasse uma série de xingamentos à entrevistada?
O respeito é muito legal e não dá azia em ninguém, nem mau humor. A presidente, como qualquer ser humano, merece um tratamento decente.
Discordo do Jô quando diz que artistas têm que ser anarquistas. José Saramago era declaradamente de esquerda. Mario Vargas Llosa foi de esquerda e depois guindou para a direita; e hoje é um direitista. Os dois são grandes escritores, artistas, e as posições políticas de cada um não diminuem a obra.
Na democracia é assim. Ainda bem que o país está livre para algumas pessoas poderem escrever besteiras agressivas e de mau gosto no asfalto, como a que foi pichada em frente da casa do Jô.
Ainda bem que não marcaram a hora da morte. Aí seria premonição, agouro, mau presságio, feitiço, coisa de urubu. Ou ameaça, o que é crime.
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