Esse é um dos paradoxos da educação superior hoje no Brasil.
Durante muito tempo, seguimentos da população brasileira defenderam a educação superior pública gratuita e de qualidade. Ainda há uma grande parcela da sociedade que reivindica o ensino superior gratuito.
Atualmente, a maioria dos universitários brasileiros está no ensino privado. Das 7,3 milhões matriculados em 2013, segundo dados do Censo da Educação Superior, 5,4 milhões estavam em escolas particulares. A rede pública somou apenas 1,9 milhão.
A distorção fez com que até lideranças de esquerda, historicamente defensoras da universidade gratuita, passassem a admitir a cobrança de mensalidade de estudantes ricos nas faculdades públicas.
O governo, nos últimos anos, favoreceu a ida dos estudantes para o ensino privado, principalmente por meio dos programas Fies e do ProUni. Foi uma privatização disfarçada, segundo alguns críticos.
Para muitos dos defensores das mudanças, com a cobrança dos estudantes de maior renda, o governo teria condições de ampliar o ensino superior para os mais pobres. Seria uma forma de fazer justiça social e reduzir as desigualdades.
Propostas para estabelecer a cobrança de mensalidade dos mais ricos não faltam. Uma das justificativas é o aumento da parcela de estudantes em melhor situação financeira no ensino superior público, que passou de 20%, em 2004, para 36,4% em 2014.
No ano passado, a Câmara dos Deputados aprovou o texto-base da proposta de Emenda à Constituição (PEC) 395/14, que permite às universidades públicas cobrarem por cursos de pós-graduação lato sensu (especialização), de extensão e de mestrado profissional.
O tema divide a sociedade. O ensino superior gratuito universal é o ideal numa sociedade que coloca a educação em primeiro plano. Numa sociedade que prima pela igualdade de direitos na educação, todos devem ter acesso ao ensino público, de qualidade. Mas quem defende a cobrança dos estudantes ricos considera que não é razoável estudantes de baixa renda pagarem para estudar enquanto que os que tem alto poder aquisitivo estudam de graça.
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS