Vacinação de idosos no Rio de Janeiro: falta de vacina ameaça andamento da imunização.| Foto: Eduardo Kapps/Prefeitura do Rio
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A escassez de vacina contra Covid-19 é um problema enfrentado em todo o mundo. São raras as exceções de países, como Israel, que têm grande oferta de imunizante para a população. No Brasil, a falta de vacina já é uma realidade em várias regiões e coloca em risco o andamento do plano nacional de vacinação.

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Na quarta-feira (10), a cidade de Salvador suspendeu, temporariamente, o cronograma original de vacinação por insuficiência de doses. A Secretaria Estadual de Saúde da Bahia, responsável por fazer a distribuição aos municípios, informou que a quantidade recebida deu para vacinar menos de 30% do público alvo.

Em nota divulgada na quinta-feira (11), a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro afirma que há doses para imunização só até este sábado (13). “A SMS conta com a chegada de novas doses a partir da próxima semana. Caso essa entrega não aconteça, o calendário será interrompido até a chegada de novas doses”, diz trecho da nota.

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Um levantamento do jornal o Estado de S. Paulo, divulgado nesta sexta-feira (12), mostra que ao menos sete capitais já restringiram o público-alvo inicialmente definido ou preveem interromper a campanha de imunização contra a covid-19 na próxima semana.

Florianópolis estima que o estoque termine em três ou quatro dias, considerando que a capital catarinense só tem mais 1,6 mil doses disponíveis. Em Curitiba, a estimativa da prefeitura é de que as doses disponíveis durem somente até o meio da semana que vem.

O governo de São Paulo anunciou que idosos de 80 a 84 anos de idade serão imunizados a partir do dia 1.º de março em todo o estado e a vacinação do grupo de 85 a 89 anos foi antecipada para esta sexta-feira (12), três dias antes do previsto. Mas o governo paulista não tem data estabelecida para a imunização de idosos com menos de 80 anos dada a incerteza do fornecimento de vacinas.

Idosos de todo o país tem comemorado a chegada da sua vez de vacinar. Muitos estão presos em casa há quase um ano e agora veem a possibilidade de, em breve, poder ser livres novamente. Mas para isso a vacinação precisa caminhar rápido.

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Em nota enviada ao Portal G1 na quarta-feira (10), o Ministério da Saúde informou que foram enviadas aos estados 11,1 milhões de doses da vacina contra a Covid-19. “Cabe esclarecer que a pasta distribui as doses aos estados – que são responsáveis pelo envio aos municípios, de acordo com necessidades e planejamentos locais”, diz a nota.

O Brasil tem recebido até agora duas vacinas, a Coronavac e a Oxford/AstraZeneca. O total de doses fornecidas até o momento é bem menor do que a capacidade de vacinação do sistema público brasileiro. Não fosse a falta de vacinas, o Brasil poderia estar hoje entre os primeiros colocados no ranking de vacinação, dada a estrutura e experiência em campanhas de vacinação em massa.

Até quinta-feira (11), pouco mais de 4,5 milhões de pessoas haviam recebido a primeira dose de vacina contra a Covid-19, segundo dados divulgados pelo consórcio de veículos de imprensa. Já a segunda dose havia sido aplicada em somente 108.735 pessoas (0,05% da população do país).

Os especialistas observam que, para acelerar a imunização, o país precisa ampliar a oferta de vacinas. Países latino-americanos estão aplicando há algum tempo a Sputinik V. O paradoxo é que uma fábrica instalada no Brasil, a União Química, produz o IFA da Sputinik V, o insumo farmacêutico ativo que todos os países gostariam de produzir.

A união química espera importar 10 milhões de doses da Sputnik V para o Brasil ainda este mês e no início de março. A partir de abril, o laboratório já estará apto para produzir oito milhões de doses por mês.

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Segundo o Ministério da Saúde, atualmente, o Brasil tem 354 milhões de doses de vacinas garantidas, para 2021, por meio dos acordos com a Fiocruz (212,4 milhões de doses), Butantan (100 milhões de doses) e Covax Facility (42,5 milhões de doses). O Ministério não prevê doses da Sputinik V nem de outras vacinas, como da Pfizer e da Moderna.

A velocidade da saída das crises sanitária, econômica e social depende do ritmo de vacinação. Pelo que o governo reservou até agora, o país entrará em 2022 sem atingir o mínimo necessário de imunização para a volta à normalidade.

Além das vacinas já disponíveis, várias outras estão na última fase de testes clínicos e podem ser aprovadas para uso emergencial em pouco tempo. A previsão é que oito outros imunizantes poderão ser viabilizados em breve. O governo brasileiro precisa desde já estar em negociação com os laboratórios e autoridades desses países para garantir uma cota ao Brasil, que precisa de um grande número de doses por ser um dos países mais populosos do mundo.