A escassez de vacina contra Covid-19 é um problema enfrentado em todo o mundo. São raras as exceções de países, como Israel, que têm grande oferta de imunizante para a população. No Brasil, a falta de vacina já é uma realidade em várias regiões e coloca em risco o andamento do plano nacional de vacinação.
Na quarta-feira (10), a cidade de Salvador suspendeu, temporariamente, o cronograma original de vacinação por insuficiência de doses. A Secretaria Estadual de Saúde da Bahia, responsável por fazer a distribuição aos municípios, informou que a quantidade recebida deu para vacinar menos de 30% do público alvo.
Em nota divulgada na quinta-feira (11), a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro afirma que há doses para imunização só até este sábado (13). “A SMS conta com a chegada de novas doses a partir da próxima semana. Caso essa entrega não aconteça, o calendário será interrompido até a chegada de novas doses”, diz trecho da nota.
Um levantamento do jornal o Estado de S. Paulo, divulgado nesta sexta-feira (12), mostra que ao menos sete capitais já restringiram o público-alvo inicialmente definido ou preveem interromper a campanha de imunização contra a covid-19 na próxima semana.
Florianópolis estima que o estoque termine em três ou quatro dias, considerando que a capital catarinense só tem mais 1,6 mil doses disponíveis. Em Curitiba, a estimativa da prefeitura é de que as doses disponíveis durem somente até o meio da semana que vem.
O governo de São Paulo anunciou que idosos de 80 a 84 anos de idade serão imunizados a partir do dia 1.º de março em todo o estado e a vacinação do grupo de 85 a 89 anos foi antecipada para esta sexta-feira (12), três dias antes do previsto. Mas o governo paulista não tem data estabelecida para a imunização de idosos com menos de 80 anos dada a incerteza do fornecimento de vacinas.
Idosos de todo o país tem comemorado a chegada da sua vez de vacinar. Muitos estão presos em casa há quase um ano e agora veem a possibilidade de, em breve, poder ser livres novamente. Mas para isso a vacinação precisa caminhar rápido.
Em nota enviada ao Portal G1 na quarta-feira (10), o Ministério da Saúde informou que foram enviadas aos estados 11,1 milhões de doses da vacina contra a Covid-19. “Cabe esclarecer que a pasta distribui as doses aos estados – que são responsáveis pelo envio aos municípios, de acordo com necessidades e planejamentos locais”, diz a nota.
O Brasil tem recebido até agora duas vacinas, a Coronavac e a Oxford/AstraZeneca. O total de doses fornecidas até o momento é bem menor do que a capacidade de vacinação do sistema público brasileiro. Não fosse a falta de vacinas, o Brasil poderia estar hoje entre os primeiros colocados no ranking de vacinação, dada a estrutura e experiência em campanhas de vacinação em massa.
Até quinta-feira (11), pouco mais de 4,5 milhões de pessoas haviam recebido a primeira dose de vacina contra a Covid-19, segundo dados divulgados pelo consórcio de veículos de imprensa. Já a segunda dose havia sido aplicada em somente 108.735 pessoas (0,05% da população do país).
Os especialistas observam que, para acelerar a imunização, o país precisa ampliar a oferta de vacinas. Países latino-americanos estão aplicando há algum tempo a Sputinik V. O paradoxo é que uma fábrica instalada no Brasil, a União Química, produz o IFA da Sputinik V, o insumo farmacêutico ativo que todos os países gostariam de produzir.
A união química espera importar 10 milhões de doses da Sputnik V para o Brasil ainda este mês e no início de março. A partir de abril, o laboratório já estará apto para produzir oito milhões de doses por mês.
Segundo o Ministério da Saúde, atualmente, o Brasil tem 354 milhões de doses de vacinas garantidas, para 2021, por meio dos acordos com a Fiocruz (212,4 milhões de doses), Butantan (100 milhões de doses) e Covax Facility (42,5 milhões de doses). O Ministério não prevê doses da Sputinik V nem de outras vacinas, como da Pfizer e da Moderna.
A velocidade da saída das crises sanitária, econômica e social depende do ritmo de vacinação. Pelo que o governo reservou até agora, o país entrará em 2022 sem atingir o mínimo necessário de imunização para a volta à normalidade.
Além das vacinas já disponíveis, várias outras estão na última fase de testes clínicos e podem ser aprovadas para uso emergencial em pouco tempo. A previsão é que oito outros imunizantes poderão ser viabilizados em breve. O governo brasileiro precisa desde já estar em negociação com os laboratórios e autoridades desses países para garantir uma cota ao Brasil, que precisa de um grande número de doses por ser um dos países mais populosos do mundo.
Número de católicos cresce no mundo; Brasil segue sendo o país com mais fiéis
O orgulho de Gilmar Mendes é a tragédia brasileira
Reforma eleva imposto de profissionais da saúde com CNPJ e exige estratégia para o Simples
Adélio inimputável e inquéritos fechados: o que se sabe até hoje sobre a facada em Jair Bolsonaro