Greve dos caminhoneiros em 2018 provocou forte impacto na economia.| Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
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Não há unanimidade entre caminheiros, o que torna difícil prever o nível de adesão caso a greve da categoria marcada para esta segunda-feira (01) seja deflagrada. Há pulverização das entidades que representam os profissionais, além do fato de que parte dos caminhoneiros não está apoiando o movimento. Mas, por menor que seja, caso a paralisação venha a ocorrer, os danos à já combalida economia brasileira seriam grandes.

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Na greve dos caminhoneiros de 2018, a indústria teve queda de 10,9% em maio, o comércio caiu 0,6%, os serviços recuaram 3,8% e a inflação disparou em junho (1,26%), segundo dados do IBGE. Houve impacto negativo também nas exportações e na arrecadação de tributos.

A economia brasileira sofreu uma contração de 3,34% no mês de maio daquele ano, segundo o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br). O Ministério da Fazenda estimou que a greve, responsável por uma crise de abastecimento sem precedentes naquele ano, tirou 1,2 ponto porcentual de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do país.

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No mercado financeiro, alguns setores mais sensíveis sofrem impactos apenas com a possibilidade de greve. Os preços das ações de companhias ligadas ao abastecimento de combustíveis caíram fortemente na sexta-feira (29). As ações da Ultrapar, por exemplo, que é controladora dos postos Ipiranga, despencaram 5,18%.

Agora, muitos caminhoneiros que dizem apoiar a greve são contra bloqueios das estradas, o que poderia reduzir um pouco os impactos da paralisação. O presidente Jair Bolsonaro fez um apelo no último dia 27 para que os caminhoneiros desistam de parar e afirmou que, em caso de greve, “todos vão sair perdendo”.

Em alguns estados, como São Paulo e Paraná, a justiça concedeu liminares proibindo o bloqueio de estradas e impondo multas pesadas para que o fizer.

O presidente do Conselho Nacional dos Transportadores Rodoviários de Cargas (CNTRC), Plínio Dias, afirmou neste domingo (31) que a greve está mantida.

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A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística (CNTTL), uma das maiores entidades da categoria no país, que possui 800 mil motoristas em sua base, manifestou na última terça-feira (26) para que todos participem da paralisação.

Por outro lado, o presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), Vander Costa, emitiu nota na quinta-feira (28) negando qualquer tipo de apoio à possível greve. A Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) também é contra a paralisação e está em negociação com o governo.

Uma pesquisa realizada pelo TruckPad, plataforma que conecta mais de 500 mil caminhoneiros na América Latina, e publicada no último dia 29 pelo site InfoMoney, mostra que 73,47% dos profissionais ouvidos pretendem parar, enquanto 26,53% devem continuar trabalhando normalmente. A pesquisa ouviu 3 mil motoristas, com 300 respostas validadas, e foi feita na quinta-feira (28).

"Fiz apelo aos caminhoneiros. Sabemos dos problemas deles. Se tivesse condições, zeraria PIS/Cofins óleo diesel, que está em R$ 0,33, mas vamos tentar zerar pelo menos, mas não é fácil."

Jair Bolsonaro, presidente da República.

Os profissionais favoráveis à paralisação querem redução do preço do diesel, que teve aumento de 4,4% nas refinarias no final de dezembro, revisão no reajuste na Tabela do Piso Mínimo de Frete, realizada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), para o transporte rodoviário de carga e implementação do Código Identificador de Operação de Transporte (Ciot), conquista da greve de 2018. Aposentadoria especial também está na pauta.

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Os caminheiros favoráveis à greve firmaram posicionamento contra o projeto de Lei da BR do Mar, que, segundo, a categoria, afeta diretamente políticas públicas fundamentais conquistadas e pleiteadas ao setor de transporte autônomo rodoviário de cargas, em detrimento de empresas estrangeiras.

Bolsonaro disse que o governo estuda alternativas para reduzir o PIS/Cofins e, por consequência, o preço do diesel, mas ressaltou que a saída não será fácil.