Em 2017, representantes de 12 países latino-americanos se reuniram na capital do Peru para criar o Grupo de Lima. O principal objetivo declarado da união era "abordar a crítica situação da Venezuela” e pressionar o governo de Nicolás Maduro a negociar uma mudança. Dois anos depois, em 2019, em Santiago, no Chile, foi criado o Fórum para o Progresso e Desenvolvimento da América do Sul (Prosul), em oposição à União das Nações Sul-Americanas, fundada em 2008, em Brasília. Desde então, o Grupo de Lima Perdeu perdeu quatro de seus principais integrantes e o Prosul, a cada dia, vê sua representatividade minguar com as mudanças de governos na região.
O último país a anunciar saída do Grupo de Lima foi o Peru. Na segunda-feira (09), o ministro peruano das Relações Exteriores, Héctor Béjar, anunciou que seu país se retira da organização. A decisão peruana ocorre pouco tempo depois da confirmação oficial da eleição do progressista Pero Castilho, do partido Peru Livre, para a Presidência. A saída tem forte impacto, especialmente porque a sede simbólica do grupo é Lima, capital em que foi fundado.
Antes do Peru, em março deste ano, a Argentina já havia anunciado que abandonaria o Grupo de Lima. Segundo o governo do peronista Alberto Fernández, as ações promovidas pelo agrupamento de países para “isolar o governo da Venezuela e seus representantes não levaram a nada”.
O México, formalmente ainda aparece como integrante do Grupo de Lima, mas não reconheceu o oposicionista venezuelano Juan Guaidó como presidente da Assembleia Nacional e autoproclamado presidente do país, em 2020, e também não referendou decisão que não reconheceu a reeleição de Maduro, em 2019.
A Bolívia entrou no Grupo de Lima em 2019, após a queda do governo de Evo Morales. Mas a permanência durou pouco. Em outubro de 2020, com a vitória de Luis Arce, do Movimento ao Socialismo e aliado de Morales, o governo boliviano abandonou o grupo.
Se, por um lado, o Grupo de Lima se vê enfraquecido, por outro, o Prosul corre risco de morrer prematuramente. O objetivo número um do novo bloco, conforme anúncio feito em 2019 pelo presidente brasileiro Jair Bolsonaro, era substituir a Unasul, que teve origem na união de vários governos progressistas da América do Sul em 2008, sob a liderança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os problemas para o Prosul surgiram pouco tempo depois com a eleição de Fernández na Argentina.
Além do atual governo argentino, agora o novo governo do Peru sinaliza que vai reforçar a Unasul. A expectativa a curto prazo se volta para o Chile, que tem eleição presidencial marcada para novembro. As últimas pesquisas mostram o progressista Gabriel Boric e o conservador governista Sebastián Sichel na liderança. Uma vitória de Sichel poderá dar sobrevida ao bloco recém-nascido, enquanto que uma eventual eleição de Boric praticamente aniquilará o Prosul.
A Unasul e a Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (Alba), criadas por iniciativa de governos progressistas anos antes do Prosul e do Grupo de Lima, sofreram processo semelhante de esvaziamento quando candidatos de direita chegaram ao poder na Argentina (Maurício Macri), no Chile (Sebastián Piñera) e no Peru (Pedro Pablo Kuczynski).
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