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O vencedor das eleições presidenciais no Equador é um antigo conhecido da política e do meio empresarial equatoriano. O milionário banqueiro Guillermo Lasso, natural de Guayaquil, candidatou-se à Presidência nas eleições de 2013 e 2017 e foi derrotado nas duas vezes.
De família de classe média alta, Lasso começou no mundo dos negócios atuando na Bolsa de Valores de Guayaquil. Aos 22 anos foi contratado como gerente da Procrédito, empresa no Equador da financeira FeCrédito, com sede no Panamá. As duas empresas se fundiram e deram origem à Finansur.
Em 1984 Lasso assumiu o comando da Finansur, que no mesmo ano fez fusão com o Banco de Guayaquil, do qual Lasso é um de seus principais acionistas. O agora presidente eleito do Equador foi presidente executivo do banco por 18 anos, até 2012, quando renunciou para entrar na disputa eleitoral.
O primeiro passo foi fundar o movimento político Creando Oportunidades (Creo). Mas antes disso, enquanto atuava como empresário, Lasso já atuava no mundo político. Em 1998, ele foi nomeado governador de Guayas pelo então presidente Jamil Mahuad. Um ano depois, Lasso ganhou de Mahuad o cargo de ‘Super Ministro da Economia’, mas renunciou um mês depois.
De volta ao mundo empresarial, em 2002 Lasso assumiu a presidência do conselho de administração da Fundação que construiu o Terminal Terrestre de Guayaquil.
Não demorou e, em 2003, durante o governo de Lucio Gutiérrez, Lasso voltou à política, assumindo o posto de embaixador do Equador nos Estados Unidos.
Foi com o movimento Creo que, a partir de 2012, o banqueiro mergulhou de vez na disputa política eleitoral. Em 2013, com apoio de um bloco de partidos que ia da direita ao centro, como o Partido Social Cristão, Partido da Esquerda Democrática e Partido Liberal Radical Equatoriano, Lasso alcançou 22,68% dos votos válidos. O vencedor foi Rafael Correa, de esquerda.
Em 2017, o milionário empresário decidiu concorrer novamente à Presidência. Por meio de uma aliança com o prefeito de Quito, Mauricio Rodas, chegou ao segundo turno. As chances eram grandes, mas antes da votação veio a público supostos documentos da Superintendência de Bancos do Panamá envolvendo seu nome. Segundo os jornais divulgaram na época, Lasso estava associado a 49 empresas em paraísos fiscais (offshore), com o objetivo de sonegar impostos. Com essas empresas, o agora presidente eleito do Equador teria ganhado US$ 30 milhões entre 1999 e 2000.
Com a repercussão do caso, o banqueiro admitiu ter um “pequeno banco no Panamá”, mas alegou que não era um banco offshore. “Não é um banco de gaveta. É um banco de verdade e com todo direito. Minha família investiu lá”, se defendeu.
A essa altura, o estrago já estava feito. Guillermo Lasso perdeu com 48,84% dos votos contra 51,16% do candidato de Correa e hoje desafeto do correismo, Lênin Moreno.
Lasso se define liberal na economia e conservador socialmente. Defende a abertura econômica e é radicalmente contra a descriminalização do aborto, mesmo em casos de estupro. Mas, ao mesmo tempo, propõe ensinar educação sexual a partir do sétimo ano do ensino fundamental.
Em seu plano de governo, de 87 páginas, Lasso propõe, entre outros medidas, motivar grandes empresários a se tornarem investidores “anjos”, crédito de 30 anos a 1% para pequenos produtores agrícolas e política de atração de fundos internacionais.
Na questão do emprego, sua principal bandeira é aumentar o salário mínimo para US$ 500 (cerca de R$ 2.800 no câmbio atual). Quer também flexibilizar os contratos de trabalho.
Na educação, quer implantar o ensino integral público e gratuito no ciclo fundamental e dar autonomia às universidades.
Na segurança, uma das propostas é reduzir impostos para comporá de armas de fogo destinadas a empresas de segurança. “Mão de ferro para assassinos e violadores” foi um dos slogans de sua campanha, em que prevê fortalecimento da Polícia Nacional com treinamento e mais equipamentos.
Na saúde, Guillermo Lasso propõe criar zonas livres de impostos para atrair empresas do setor a participarem do Sistema Nacional de Saúde. Também espera ampliar o número de filiados à previdência social.