| Foto: Arquivo/Agência Brasil
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O acirramento da disputa eleitoral e a morte da rainha Elizabeth II tiraram a atenção sobre uma divulgação importante feita logo após as manifestações do 7 de Setembro: o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), medido pelas Nações Unidas. O levantamento mostra que a pandemia e a guerra da Ucrânia causaram estragos em todo o mundo, mas o Brasil piorou mais que muitos países. Enquanto a média mundial do índice recuou a patamares de 2016, o Brasil regrediu a 2014.

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O fato é que o Brasil caiu três posições entre os 191 países analisados. Em 2020, o país ocupava a 84ª posição, com 0,758 (quanto mais próximo de 1, melhor o desenvolvimento humano de um país). Em 2021, caiu para 87° colocado, com 0,754. Foi a segunda queda consecutiva brasileira. A média mundial também recuou pelo segundo ano consecutivo, no entanto, o Brasil perdeu posições para outros países.

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Composto pela expectativa de vida ao nascer, a escolaridade e a renda das pessoas, o IDH é a principal referência para se conhecer o nível de desenvolvimento humano da população de um país.

O novo levantamento mostra ainda que o Brasil continua atrás de grande parte dos países vizinhos, como Chile, Argentina e Uruguai. Também perde para outros latino-americanos, como Costa Rica, Panamá, Cuba e México.

O Chile, líder da região, conseguiu melhorar seu IDH em 2021, na comparação com 2020 – passou de 0,852 para 0,855, mas ainda não conseguiu retornar aos níveis pré-pandêmicos, levando em conta que em 2019 o IDH para o país foi de 0,861, o maior desde o início da medição em 1990.

Um dos fatores que mais pressionam o desenvolvimento humano do Brasil para baixo é a desigualdade crescente. Quando o IDH é ajustado à desigualdade, cai de 0,754 cai para 0,576, um tombo de 23,6%. A disparidade de renda está no centro dessa queda.

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Como ocorreu em praticamente todo o mundo, em decorrência da crise sanitária mundial, a expectativa de vida média do brasileiro ao nascer caiu de 75,3 anos, em 2019, para 72,8 anos em 2021. A queda fez o Brasil recuar ao patamar de 13 anos atrás, em 2008, quando a esperança de vida média era de 72,7 anos. A redução da expectativa de vida no Brasil também foi maior do que a da média global. Enquanto a redução na média mundial foi de 1,6 anos, no Brasil chegou a 2,5 anos.

Na apresentação do Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH), Achim Steiner, coordenador do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, enfatiza que o mundo vive tempos incertos. “Os níveis de incerteza estão a aumentar e a interagir para perturbar as nossas vidas de formas sem precedentes. Já enfrentamos doenças, guerras e disrupções ambientais no passado. Mas a confluência das desestabilizadoras pressões planetárias com o crescimento das desigualdades, as profundas transformações sociais para aliviar essas pressões e a polarização generalizada apresentam fontes novas, complexas e interativas de incerteza para o mundo e para todos os que o habitam”, observa.

Em meio às incertezas, o estudo aponta algumas políticas necessárias em busca de um futuro mais esperançoso e menos instável. Entre os alicerces dessas políticas são destacadas três categorias: investimento, proteção e inovação. Os investimentos devem estar voltados a “proteger e melhorar os recursos naturais, ao mesmo tempo em que protege as pessoas de choques, promovendo a segurança econômica e alimentar além de expandir as escolhas que lhes são disponibilizadas”, diz o documento.