O investimento estrangeiro direto (IED) para a América Latina caiu 45% em 2020, para US$ 88 bilhões, de acordo com o World Investment Report 2021, da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), publicado nesta segunda-feira (21). O Brasil lidera o ranking na região, com queda de 62,1%, o que representa redução de US$ 24,8 bilhões.
Segundo os dados do relatório da instituição ligada à ONU, o investimento estrangeiro direto para a América do Sul caiu mais da metade, para US$ 52 bilhões, com os fluxos para o Brasil e o Peru atingindo o nível mais baixo em duas décadas. “No Brasil, os ingressos despencaram 62%, para cerca de US$ 25 bilhões, drenados pelos investimentos em extração de petróleo e gás, fornecimento de energia e serviços financeiros”, diz o documento.
Na América Central, as entradas de investimento estrangeiro direto diminuíram 24%, para US$ 33 bilhões. A queda só não foi maior, segundo o relatório, graças aos lucros reinvestidos no México, onde caíram apenas 15%, para US$ 29 bilhões.
No Caribe, excluindo os centros financeiros offshore, os fluxos diminuíram 36% após o colapso do turismo e a interrupção dos investimentos na indústria de viagens e lazer.
De acordo com o diretor de investimentos e empresas da UNCTAD, James Zhan, a região sofreu a queda mais acentuada de IED nos países em desenvolvimento. “As economias latino-americanas enfrentaram um colapso na demanda de exportação, queda nos preços das commodities e o desaparecimento do turismo, levando a uma das piores contrações na atividade econômica em todo o mundo”, avalia Zhan.
A queda no investimento estrangeiro direto foi severa em todos os setores, embora houvesse diferenças notáveis entre os setores. “Os fluxos de entrada nas indústrias de hidrocarbonetos, manufatura e viagens e lazer diminuíram fortemente, enquanto os fluxos de exportadores de minerais e metais foram parcialmente sustentados por uma recuperação dos termos de troca das commodities durante a segunda metade do ano”, detalha o relatório.
“A pandemia teve consequências graves para o investimento internacional em setores relevantes para os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), com uma contração do investimento em infraestrutura em mais de 75%. Isso aumenta a vulnerabilidade da região e representa um grande obstáculo para alcançar os ODS ”, observa Zhan.
Ainda segundo o relatório, o investimento externo de empresas multinacionais latino-americanas ficou negativo em US$ 3,5 bilhões, devido a saídas negativas do Brasil e menores investimentos do México e da Colômbia.
Para 2021, as perspectivas não são animadoras. “Espera-se que os fluxos de investimento para a região permaneçam em um nível baixo em 2021 e muito provavelmente não recuperarão o nível anterior à crise antes de 2023”, preveem os responsáveis pelo levantamento.
De acordo com os pesquisadores, “a recuperação dos fluxos de entrada varia de acordo com o país e a indústria, com investidores estrangeiros decididos a buscar energia limpa e os minerais essenciais para isso – impulsionados por um impulso mundial em direção a uma recuperação sustentável. Outros setores que mostram sinais de recuperação incluem informação e comunicação, produtos eletrônicos e fabricação de dispositivos médicos”.
As projeções de menor crescimento para a América Latina em comparação com outras regiões em desenvolvimento e a instabilidade política e social em alguns países, no entanto, colocam um risco de queda nos fluxos de investimento estrangeiro direto.
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