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Independentemente dos termos – liturgia ou rito – a realidade é que o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, deixa a impressão em alguns de seus atos que pouco ou nada tem se importado com isso.
O caso mais recente é o jantar que Mendes ofereceu em sua residência, no setor de mansões isoladas em Brasília, o qual participaram vários políticos citados no pedido que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, encaminhou ao STF para investigação.
Além do presidente Michel Temer (PMDB), estavam entre os presentes o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e o senador Aécio Neves (PSDB-MG), todos envolvidos com a Lava Jato.
Gilmar Mendes, pelos cargos que ocupa no STF e no TSE, em muitas situações tem o dever de se encontrar com esses personagens políticos, muitos dos quais com cargos no Executivo e no Legislativo. Mas, neste caso, deve ser em reuniões oficiais, atividades de Estado, com total transparência de suas finalidades. Reunião com qualquer pessoa, em um estado democrático, é livre, mas essa liberdade requer uma maior observação à ética.
Jantar com acusados de corrupção, organizado para homenagear aniversário de político citado pela Procuradoria-Geral da República na Lava Jato (José Serra), não passa de um evento para conchavos políticos. Assim como existe a escória da sociedade, esse tipo de encontro pode ser traduzido como a escória da política.
A afirmação de que o jantar serviu para costurar um acordo em torno de uma reforma política não justifica. Se Mendes quer de fato debater a reforma política, o TSE, presidido por ele, pode promover um congresso, conferência ou simpósio (seja lá o termo que usar) em que representantes de todos os segmentos da sociedade brasileira possam participar e opinar. Isso de forma transparente, aberta, plural.
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