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O poder de destruição das armas construídas no século passado não deixa de assustar. O impacto mais recente veio com a divulgação, pela agência de energia nuclear da Rússia, a Rosatom, de um documentário anteriormente secreto. O vídeo mostra detalhes da detonação da arma mais poderosa já criada por humanos, uma bomba de hidrogênio, chamada Czar Bomba (ou Tsar Bomba), em 30 de outubro de 1961.
A super-bomba H possuía capacidade explosiva de 50 megatons. Numa comparação simples, era o equivalente a 50 milhões de toneladas de explosivo convencional. E mais ainda: cerca de 3,3 mil vezes mais destrutiva do que a bomba atômica lançada pelos Estados Unidos em Hiroshima, no Japão, em agosto de 1945.
Eram dias sombrios da ‘Guerra Fria’, travada entre os EUA e a extinta União Soviética (URSS). A Rússia estava atrás na corrida armamentista. Depois das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki, os norte-americanos haviam detonada em teste a mais poderosa até então conhecida bomba de hidrogênio, a Castle Bravo, em 1952, com capacidade de 22 megatons. O explosivo era 700 vezes mais poderoso que o de Hiroshima.
O termo usado na época para definir a corrida armamentista era ‘megatonnage’, que definia a capacidade destruidora de uma coleção de armas nucleares em megatons. A resposta soviética, anos depois, foi avassaladora.
O poder destrutivo da Czar Bomba era tão grande que, para sobreviver à explosão, os pilotos tiveram que usar paraquedas. Assim, o artefato demoraria para chegar ao ponto da detonação, permitindo que o avião de distanciasse o suficiente para não ser atingido.
No filme soviético (veja acima), a enorme bomba é carregada em um vagão para ser transportada ao extremo norte do país. As aeronaves que participaram da operação são carregadas com equipamentos de teste, incluindo toneladas de câmeras em um bombardeiro Tu-95V. O avião que faria o lançamento da bomba foi especialmente pintado de branco para refletir o flash nuclear.
De vários ângulos e distâncias, o vídeo divulgado pela Rosatom captura o momento da detonação. A explosão colossal criou uma nuvem em forma de cogumelo que se elevou a 64 km acima da ilha, que fica a cerca de 1.900 km do Polo Norte, e a explosão foi visível a cerca de mil quilômetros de distância. O cogumelo alcançou 90 km de diâmetro e o gelo de uma vasta área desapareceu. Os fotógrafos soviéticos tiveram dificuldade em capturar as dimensões completas da nuvem em forma de cogumelo.
A diferença entre uma bomba de hidrogênio e uma bomba atômica é o processo de detonação. Bombas atômicas, como a detonada em Hiroshima, liberam repentinamente energia após a separação (fissão) dos núcleos de um elemento químico pesado, como o plutônio e urânio. Esse procedimento é conhecido como fissão nuclear.
Já a bomba de hidrogênio, ou bomba H, é conhecida como bomba termonuclear. A detonação de uma bomba H inclui várias etapas. Começa com a detonação de uma bomba atômica, que gera temperaturas de milhões de graus, energia suficiente para provocar a fusão nuclear, ou seja, a união de dois núcleos, liberando uma quantidade absurda de energia, capaz de destruir tudo.
Felizmente, desde a Czar Bomba não há notícia de fabricação de outro explosivo com o mesmo poder destrutivo. A bombas testadas pela Coreia do Norte recentemente, segundo especialistas, demonstram ser de hidrogênio, mas seu poder destrutivo seria consideravelmente inferior.