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Certas Palavras

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Família Bolsonaro

A mansão de R$ 6 milhões e os negócios imobiliários de Flávio Bolsonaro

Mansão de Flávio Bolsonaro
Imagem divulgada por veículos de imprensa e nas redes sociais identifica a mansão comprada por Flávio Bolsonaro. (Foto: Reprodução/Twitter)

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Enquanto o país vive seu pior momento da pandemia de Covid-19 neste início de ano, com média de mais de mil mortes por dia, o senador Flávio Bolsonaro dá mostra de que o distanciamento social não tem atrapalhado seus negócios. O filho chamado de 01 pelo presidente Jair Bolsonaro reforçou sua ‘expertise’ em negócios imobiliários ao comprar uma mansão no Lago Sul, área nobre de Brasília, por R$ 5,97 milhões, conforme revelaram na segunda-feira (01) diversos veículos de comunicação, entre eles o site O Antagonista e os jornais O Globo e Folha de S. Paulo.

Assim que a nova aquisição de Flávio Bolsonaro veio a público, pipocaram imagens e vídeos da mansão nas redes sociais. O jornalista George Marques, que trabalhou para o Intercept Brasil, Revista Fórum e Metropoles, divulgou em sua conta no Twitter um vídeo da casa. Imagens do imóvel também foram veiculadas pela CNN Brasil e pelo site do jornal Folha de S. Paulo.

Por meio de nota, nesta terça-feira (02), a assessoria de imprensa do senador confirmou a compra da casa e afirmou que Flávio Bolsonaro usou recursos da venda de um imóvel no Rio de Janeiro para comprar a mansão de R$ 5,97 milhões em Brasília. "A casa adquirida pelo senador Flávio Bolsonaro em Brasília foi comprada com recursos próprios, em especial oriundos da venda seu imóvel no Rio de Janeiro. Mais da metade do valor da operação ocorreu por intermédio de financiamento imobiliário", diz a nota.

Mais tarde, Flávio Bolsonaro postou vídeo em uma rede social em que busca explicar a transação. Sobre o fato de imóveis registrados em seu nome no Rio de Janeiro continuarem como propriedade dele, o senador disse que a venda foi feita por contrato e que logo será feira a regularização.

O senador Flávio Bolsonaro – investigado pela suposta existência de um esquema de desvios de recursos dos salários de seus assessores quando era deputado estadual da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) – tem um ‘histórico de sucesso’ com negócios imobiliários. Em muitas das transações, ele demonstrou grande habilidade para obter altos lucros.

Documento do Ministério Público (MP) do estado do Rio de Janeiro, tornado público pela revista Veja em 2019, mostra que, novembro de 2012, Flávio Bolsonaro, então deputado estadual do Rio, adquiriu um apartamento na avenida Prado Junior, em Copacabana, por R$ 140 mil. Apenas 15 meses depois, revendeu por R$ 550 mil. O lucro foi de 292%, um negócio e tanto, considerando uma valorização média dos imóveis no Rio de Janeiro de 11% no período.

De acordo com a reportagem, no mesmo mês, Flávio comprou um imóvel na rua Barata Ribeiro, em Copacabana, por R$ 170 mil. Um ano depois, fechou outro bom negócio. Revendeu o imóvel por R$ 573 mil. Lucro de 237% ante uma valorização média dos imóveis de 9% no período.

Segundo promotores Ministério Público do Rio de Janeiro que analisaram negócios imobiliários do filho 01 do presidente Jair Bolsonaro, entre 2010 e 2017 Flávio Bolsonaro lucrou 3,089 milhões de reais em transações imobiliárias.

Trecho do registro de compra e venda da mansão por Flávio Bolsonaro divulgado pelo jornal O Globo. (Foto: Reprodução/O Globo)

O novo negócio no ramo de imóveis, agora em Brasília, parece ser o mais valioso do senador.  Conforme documento a que o jornal O Globo teve acesso, a mansão localizada em uma área batizada de ‘Setor de Mansões Dom Bosco’ tem 2.400 m² de área total. A compra foi registrada no dia 29 de janeiro. Constam como compradores Flávio e sua esposa, Fernanda Antunes Figueira Bolsonaro, com quem é casado sob comunhão parcial de bens. O imóvel foi vendido pela RVA Construções e Incorporações.

O financiamento a juros baixos mostra a ‘expertise’ de Flávio Bolsonaro nos negócios. O documento registrado em cartório consta que houve a contratação de um financiamento junto ao Banco de Brasília (BRB) para o pagamento de R$ 3,1 milhões. Serão 360 prestações mensais, com taxa de juros de 3,71%.

Como senador, Flávio Bolsonaro tem salário bruto de R$ 33.763,00 mensais. Descontados o imposto de renda e a contribuição previdenciária, recebe líquido cerca de R$ 24,8 mil, segundo dados do Portal de Transparência do Senado Federal.

Segundo o contrato de compra e venda da casa em Brasília, a prestação assumida pelo senador e por sua mulher, Fernanda Bolsonaro, é de R$ 18.744,16. Somadas, as rendas comprovadas pelo casal totalizam R$ 36.957,68. O parlamentar declarou ganhar R$ 28.307,68 e esposa, R$ 8.650.

O BRB, que é um banco público e tem o governo do Distrito Federal como detentor de 96,85% do capital, não havia comentado, até esta terça-feira (02) à noite, sobre o financiamento. O BRB é presidido pelo executivo Paulo Henrique, que tem o nome cotado para assumir a presidência do Banco do Brasil.

De acordo com um simulador disponível no site do BRB, as rendas de Flávio Bolsonaro e esposa, somadas, são menores que a mínima exigida pela instituição financeira para contratação de financiamento nessas condições. Na linha de financiamento do imóvel em questão, o tomador precisaria ganhar pelo menos R$ 46.401,25 para obter o valor.

Com a compra da mansão em Brasília, Flávio Bolsonaro deverá dar um salto em seu valor patrimonial. Nas eleições de 2018, o senador declarou possuir bens no valor total de R$ 1,7 milhão, entre eles um apartamento na Barra da Tijuca, no valor de R$ 917 mil, e salas comerciais no mesmo bairro no valor de R$ 150 mil.

Em meio à pandemia, a maré está favorável a Flávio Bolsonaro. Na semana passada, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) anulou a quebra de sigilo bancário e fiscal do senador no âmbito das investigações do caso das “rachadinhas” de quando era deputado estadual pelo Rio de Janeiro. As quebras de sigilos haviam sido autorizadas em abril de 2019 pelo juiz Flávio Itabaiana, da 27ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, mas os ministros da Quinta Turma do STJ identificaram problemas de fundamentação na decisão judicial.

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