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Na eleição mais polarizada desde a redemocratização do país, algumas imagens que deverão servir de combustível para as próximas disputas eleitorais são ruins para o bolsonarismo. Estradas bloqueadas com queima de pneus, manifestantes marchando em frente a quartéis e pedindo intervenção militar, agressões contra adversários e tentativas de impedir o trabalho da imprensa são algumas das fotografias dos atos antidemocráticos que ficarão armazenadas para a história.
A reação de uma pequena parcela dos eleitores foi antecedida por atos violentos praticados por lideranças políticas, os quais serviram de inspiração para os protestos. Dias antes do segundo-turno, o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) havia recebido a Polícia Federal com tiros de fuzil e granadas. Pouco tempo depois, a deputada federal reeleita Carla Zambelli (PL), uma das principais aliadas de Jair Bolsonaro (PL) no Congresso, empunhou uma arma e perseguiu um homem negro em uma rua movimentada de pedestres, nos Jardins, área nobre de São Paulo, próxima à Avenida Paulista.
A gravidade do show de bizarrices só não foi maior devido à reação civilizada da maioria da população, que evitou colocar ordem na casa com as próprias mãos. Com exceção de algumas torcidas organizadas de clubes de futebol (Corinthians, Atlético Mineiro e Coxa), que decidiram abrir caminho nas rodovias, muitos reagiram com bom senso e humor.
As piadas e a ação bem-humorada de grande parte da população, especialmente nas redes sociais, serviram para ridicularizar os protestos e evitar mais violência.
Nas plataformas digitais, rapidamente se espalharam memes dos momentos mais bizarros dos protestos. Um perfil no Twitter decidiu eleger os atos mais esquisitos da manifestação.
Os exemplos de esquisitice das manifestações são inúmeros. Há maluquices para todos os gostos, mas a campeã parece ser a protogonizada por um bolsonarista que ficou conhecido como “patriota do caminhão”. A cena aconteceu em Caruaru (PE). O bolsonarista participava de manifestação em uma via e decidiu se agarrar na frente de um caminhão para que ele não furasse o bloqueio. O motorista, no entanto, não parou (decisão passível de punição), e o manifestante viajou alguns quilômetros grudado na frente do veículo.
Ficou comprovado, em muitos casos, que manifestantes agiam com base em desinformação. Em pelo menos um episódio, apoiadores de Bolsonaro comemoram fake news da prisão do ministro do STF Alexandre de Moraes.
Outro vídeo que também foi motivo de piada registra dezenas de pessoas marchando em frente a um Tiro de Guerra do Exército, no Paraná. Há ainda um vídeo que viralizou que mostra apoiadores do presidente Jair Bolsonaro cantando o Hino Nacional para um pneu. O registro aconteceu em Irati, no Paraná, onde os manifestantes faziam bloqueio parcial da BR 277.
Os protestos ilegais não serviram apenas para peças de humor. Ocorreram também momentos de horror, como o registrado em Mirassol, interior de São Paulo, onde um motorista, com sua mãe de passageira, avançou sobre os manifestantes volsonaristas e passou por cima de vários deles, incluindo duas crianças. Um ato condenável. Em outro episódio, dois adolescentes que estavam em um ônibus de transporte escolar ficaram feridos após serem agredidos enquanto o veículo passava por uma manifestação bolsonarista, em Jundiaí, a 58 km de São Paulo.
Essas são fotografias que mancham o retrato do país e precisam ser evitadas no futuro. A Constituição brasileira garante a liberdade de expressão; e manifestações fazem parte da democracia, mas quando causam prejuízos à todo o país, como o trancamento de rodovias, são ilegais. Sem paz e convivência (tolerância) entre os diferentes não há como o Brasil avançar.
*Imagens e vídeos foram extraídas das redes sociais (Twitter e Facebook).