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O anúncio dos primeiros nomes para o compor o ministério do próximo governo não trouxe nenhuma mulher: Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil), José Múcio (Defesa), Flávio Dino (Justiça) e Mauro Vieira (Relações Exteriores). “Cadê as mulheres?”, chegaram a perguntar alguns militantes petistas nas redes sociais. A resposta que vem dos bastidores é que o cenário será outro com os próximos anúncios.
Um dado é certo: a equipe de primeiro escalão do novo governo Lula deverá ter mais mulheres que a do governo Bolsonaro. Mas para quem espera uma proporcionalidade alta de mulheres em relação aos homens, de pelo menos 40%, pode reduzir as expectativas. Há avaliação de que ficará abaixo de 30% o porcentual de mulheres no primeiro escalão. Essa baixa participação não se dará por vontade de Lula, dizem aliados, mas pelas dificuldades de composição política para garantir governabilidade. Afinal, o governo não será composto apenas por integrantes do PT, mas também por representantes de um grande número de partidos, movimentos sociais, instituições e organizações da sociedade civil.
A cobrança de aliadas pela participação das mulheres é pública. “Chegou a vez de serem escaladas as mulheres, juntamente com os pretos, os jovens e os indígenas de nossa esperançosa seleção”, escreveu no Twitter a deputada eleita e ex-ministra Marina Silva (Rede-SP).
Olhando o retrospecto da equipe do primeiro mandato de Lula, iniciado em 2003, fica claro que o número de mulheres foi pequeno: Benedita da Silva (Assistência e Promoção Social), Dilma Roussef (Minas e Energia), Emília Fernandes (Direito da Mulher) e Marina Silva (Meio ambiente). Embora aquém das expectativas – considerando que mulheres representam a maioria da população –, Lula avançou em relação a governos anteriores.
Além de ter aberto também espaço para mulheres em outros postos importantes de segundo escalão, é fato que Lula contribuiu para criar as condições para eleger uma mulher como sucessora. Dilma Rousseff foi a primeira mulher eleita presidente da história do país.
É possível que Lula anuncie ainda hoje novos nomes. E não está descartada alguma surpresa. Das mulheres cotadas para o primeiro escalão, pelo menos cinco tem grandes chances de serem nomeadas.
Ainda não oficializado, o primeiro nome de ministra que vazou é o da cantora baiana Margareth Menezes, para a pasta e Cultura. A artista revelou a amigos sua emoção em aceitar o convite, mas logo em seguida surgiram resistências de integrantes do setor cultural.
Além de Margareth Menezes, a deputada eleita Marina Silva (Rede-SP) pode voltar ao Ministério do Meio Ambiente, pasta que dirigiu e obteve reconhecimento internacional.
A senadora Simone Tebet (MDB), que ficou em terceiro lugar na disputa presidencial e foi personagem importante para a campanha de Lula no segundo turno, também está entre as mais cotadas. A emedebisda é cogitada para assumir a pasta do Desenvolvimento Social, responsável pelo gerenciamento do programa Bolsa Família, uma das pastas mais importantes do próximo governo. Mas a nomeação não estava consolidada até esta segunda-feira devido a resistências internas no PT.
Outros nomes que apareceram publicamente são da governadora do Ceará, Izolda Cela (sem partido) e da presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, ambas cotadas para a Saúde. Estão na lista ainda as ex-ministras Izabella Teixeira e Tereza Campello.
A deputada federal eleita Sonia Guajajara (PSOL-SP) é nome indicado para comandar o Ministério dos Povos Indígenas. Uma lista tríplice apresentada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) a Lula consta, além de Guajajara, o nome de Joenia Wapichana.
Com a nomeação de ministras para a Saúde, Educação e Desenvolvimento Social, como se cogita, Lula estaria deixando sob o comando de mulheres ministérios que terão, juntos, R$ 509 bilhões de orçamento em 2023.