O livro Memória de Minhas Putas Tristes, de Gabriel García Márquez, está proibido no Irã. O veto à obra do ganhador do Prêmio Nobel de Literatura mostra que muitos países não estão prontos para aceitar a democracia ocidental.
O livro havia sido publicado pela primeira vez no Irã há três semanas, mas as autoridades não permitiram sua reedição.
O Ministério de Orientação Islâmica iraniano apontou que o livro foi publicado pela primeira vez por causa da “negligência” de uma pessoa que já foi demitida de seu cargo.
De acordo com o governo do Irã, a editora também terá que assumir sua responsabilidade pela difusão desse livro “vergonhoso”, já que o publicou consciente de seu conteúdo.
Nós, ocidentais, depois de séculos de repressão, hoje compreendemos perfeitamente que um livro de ficção não deve ser proibido.
No passado, também no Ocidente se proibia a literatura. Ulysses, de James Joyce, uma das maiores obras literárias de todos os tempos, foi proibido até a década de trinta na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos. Imagine! Os EUA, símbolos da democracia liberal.
Qual o motivo para proibir García Marquez no Irã? A acusação de ser pornográfico.
Na Inquisição se queimava livro em praça pública. Ainda bem que superamos essa fase da história. Apesar que, se dependesse de alguns, livros ainda hoje seriam proibidos aqui também.
Aliás, no Brasil se escreve e se publica o que quer não só em livro. Em jornalismo também. Arnaldo Jabor e Diogo Mainardi são exemplos de manipulação. Muits vezes escrevem ficção e tentam passar por jornalismo.
Trecho
“No ano de meus noventa anos quis me dar de presente uma noite de amor louco com uma adolescente virgem. Lembrei de Rosa Cabarcas, a dona de uma casa clandestina que costumava avisar aos seus bons clientes quando tinha alguma novidade disponível. Nunca sucumbi a essa nem a nenhuma de suas muitas tentações obscenas, mas ela não acreditava na pureza de meus princípios. Também a moral é uma questão de tempo, dizia com um sorriso maligno, você vai ver.”
Trecho do livro Memória de Minhas Putas Tristes. Editora Record. Tradução do escritor Eric Nepomuceno.