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Candidatos ligados à segurança pública surpreendem nas urnas e conquistam representação nos governos estaduais, Senado, Câmara dos Deputados e assembleias legislativas

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Uma onda de profissionais ligados aos setores de segurança nas eleições deste ano alterou a composição política nos governos estaduais e no Poder Legislativo. Seguindo o discurso do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), de endurecimento da lei contra os criminosos e a defesa da ordem, delegados, policiais civis e militares, bombeiros e membros das Forças Armadas, além de juízes, saíram vitoriosos das urnas em todas as regiões do país.

Para se ter noção do efeito desse tsunami, a chamada “bancada da bala” na Câmara dos Deputados passará de 28 para 61 integrantes. Desses, 41 são oriundos de algum órgão ou instituição com ligações à questão da segurança. Os outros não são profissionais de segurança, mas têm atuação na área.

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No Senado haverá também um número recorde de representantes desse grupo. Foram eleitos senadores que tiveram com principal bandeira a segurança pública e combate à corrupção nos estados de São Paulo, Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso, Sergipe e Rio Grande do Norte.

Na disputa aos governos estaduais as surpresas são muitas, com militares e juízes saindo vencedores em cinco unidades da federação, incluindo o Rio de Janeiro, estado arrasado pela violência. É o melhor resultado obtido por esse grupo desde a redemocratização do país.

“Eles não formam um grupo fechado, coordenado, como são os sindicalistas, os pastores evangélicos, por exemplo. São pessoas que saíram de sua profissão em decorrência de um tema de destaque no momento, além de terem aproveitado a onda Bolsonaro.”

Flávia Babireski, cientista política e pesquisadora do Laboratório de Partidos Políticos e Sistemas Partidários (Lapes), da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

O partido mais beneficiado é o PSL, de Bolsonaro, que reúne em seus quadros ex-integrantes das Forças Armadas, policiais civis e militares e gente do Poder Judiciário. O partido elegeu três governadores, dois deles ligados à segurança – o bombeiro Comandante Moisés, em Santa Catarina, e o coronel da PM Marcos Rocha, em Rondônia. Entre os 52 deputados federais eleitos pelo PSL há policiais federais, delegados, tenente, cabo, major, escrivão e até general do Exército.

O grupo não é formado apenas por homens. As mulheres também terão representação na bancada “linha dura”. Foram eleitas para a Câmara dos Deputados a delegada Edna Henrique (PSDB-PB), Major Fabiana (PSL-RJ) e Policial Kátia Sastre (PR-RJ), ambas policiais militares, além da juíza Selma Arruda (PSL-MT), que conquistou uma vaga no Senado.

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“A eleição de pessoas ligadas à segurança se dá, entre vários fatores, pela credibilidade desses profissionais. Os problemas de segurança pública são os que mais afligem a população brasileira. Por outro lado, há o declínio de representantes sindicais e de representantes da política tradicional. Isso fez com que os profissionais da área de segurança ganhassem o apoio da população, que espera ansiosamente pelo combate aos criminosos e à corrupção”, diz o senador eleito por São Paulo, Major Olimpio (PSL), que desbancou nomes como Eduardo Suplicy (PT) e Mario Covas Neto (Pode).

Avaliação semelhante tem o deputado federal eleito, também por São Paulo, Capitão Derrite (PP). “A população está apavorada com o aumento da criminalidade, da impunidade. Outro motivo são os inúmeros casos de corrupção, com vários políticos sendo investigados, presos e condenados”, argumenta.

Para a cientista política e pesquisadora do Laboratório de Partidos Políticos e Sistemas Partidários (Lapes), da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Flávia Babireski, esse grupo cresceu por uma demanda contextual, um tema presente nesta eleição. “Eles não formam um grupo fechado, coordenado, como são os sindicalistas, os pastores evangélicos, por exemplo. São pessoas que saíram de sua profissão em decorrência de um tema de destaque no momento, além de terem aproveitado a onda Bolsonaro”, afirma.

Eleitos e sem experiência tanto no legislativo como no Executivo, a maioria dos integrantes do grupo da segurança terá o desafio de aprovar leis e colocar em prática medidas que venham ao encontro do que pede grande parte da população.

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“Os principais pontos a serem atacados de imediato são o enrijecimento da legislação penal, a alteração de alguns pontos de lei de execução penal, principalmente no tocante à progressão do regime de pena, a questão das visitas íntimas e o auxílio reclusão. Essas são questões que hoje fazem com que o crime compensa e precisam ser resolvidas. Vamos atuar também para aprovar medidas duras contra a corrupção”, descreve Capitão Derrite.

Major Olimpio lembra os pontos colocados por Bolsonaro durante campanha. “Flexibilização do estatuto do desarmamento, maior garantia jurídica ao policial em sua função pública, redução da maioridade penal, alterações da estrutura da segurança pública, como também o papel de cada uma das instituições policiais. Tudo isso serão pautas que vão estar no nosso foco”, sinaliza Olimpio que prevê ainda um grande esforço para combater a corrupção.

“O câncer maior da sociedade brasileira está na corrupção, principalmente na corrupção dos agentes públicos em todos os níveis. Ou nós vamos achar que só tinha corrupção na Petrobrás? Se tivéssemos dezenas de Lava Jato funcionando em órgãos públicos, autarquias e empresas estatais, já tínhamos descoberto inúmeros crimes de corrupção”, dispara.

Para a pesquisadora Flávia Babireski não há como afirmar hoje como será a atuação e o resultado da ação dos integrantes desse grupo. “Existe a hipótese de que essa bancada vem com força, vem empolgada. Eles foram eleitos para isso, para solucionar os problemas de segurança, então é possível que a resposta deles virá muito breve, assim que eles assumirem os temas deverão entrar em pauta no Congresso e nos legislativos estaduais.”

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Os eleitos

Número de candidatos eleitos oriundos de órgãos de segurança ou da magistratura é recorde

 Presidente da República

Jair Bolsonaro   PSL         Rio de Janeiro   Capitão do Exército

Vice-presidente da República

General MourãoPRTB     Rio Grande do Sul           General do Exército

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 Governadores

Coronel Marcos Rocha  PSL         Rondônia            Coronel da PM

Comandante Moisés     PSL         Santa Catarina  Bombeiro

Belivaldo Chagas             PSD        Sergipe Defensor público

Flávio Dino         PCdoB  Maranhão          Juiz

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Wilson Witzel    PSC        Rio de Janeiro   Juiz

Senadores

Ângelo Coronel                PSD        Bahia     Coronel da PM

Fabiano Contarato          REDE     Espírito Santo    Delegado da Polícia Civil

Capitão Styvenson         REDE     Rio Grande do Norte     Capitão da PM

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Delegado Alesandro Vieira         REDE     Sergipe Delegado da Polícia Civil

Major Olímpio  PSL         São Paulo            Major da PM

Juíza Selma Arruda         PSL         Mato Grosso     Juíza Aposentada

Deputados federais

Delegado Pablo                PSL         Amazonas          Delegado Federal

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Capitão Alberto Neto    PRB        Amazonas          Capitão da PM

Pastor Sargento Isidório              Avante Bahia     Sargento da PM

Moses Rodrigues            MDB      Ceará    Inspetor da Guarda Municipal

Capitão Wagner               PROS     Ceará    Capitão da PM

Cabo da Vitória PPS        Espírito Santo    Cabo da PM

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Delegado Waldir              PSL         Goiás    Delegado Estadual

João Campos     PRB        Goiás    Delegado Estadual

Major Vitor Hugo            PSL         Goiás    Major reserva do Exército

Aluísio Mendes                PODE    Maranhão          Agente Federal

Delegado Marcelo Freitas           PSL         Minas Gerais     Delegado

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Cabo Júnior Amaral        PSL         Minas Gerais     Cabo da PM

Subtenente Gonzaga    PDT        Minas Gerais     Subtenente da PM

Dr. Frederico     Patriota               Minas Gerais     Bombeiro Militar

Mauro Lopes     MDB      Minas Gerais     Policial Rodoviário Federal

José Medeiros  PODE    Mato Grosso     Policial Rodoviário Federal

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Delegado Éder Mauro   PSD        Pará       Delegado

Capitão Fábio Abreu      Paraná  PI            Capitão da PM

Sargento Fahur PSD        Paraná  Sargento da PM

Delegado Antônio Furtado         PSL         Rio de Janeiro   Delegado

Felício Laterça   PSL         Rio de Janeiro   Delegado

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Sargento Gurgel              PSL         Rio de Janeiro   Sargento da PM

Major Fabiana  PSL         Rio de Janeiro   Major da PM

Hélio Fernando PSL         Rio de Janeiro   Subtenente do Exército

Professor Joziel               PSL         Rio de Janeiro   Subtenente da PM

Daniel Silveira   PSL         Rio de Janeiro   Cabo da PM

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Paulo Ramos     PDT        Rio de Janeiro   Oficial da PM

General Girão   PSL         Rio Grande do Norte     General de Exército

Coronel Chrisóstomo    PSL         Rondônia            Coronel do Exército

Nicoletti              PSL         Roraima               Policial Rodoviário Federal

Sanderson Federal         PSL         Rio Grande do Sul           Agente da PF

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Coronel Armando           PSL         Santa Catarina  Coronel reformado

Fábio Henrique PDT        Sergipe Policial Rodoviário Federal

Eduardo Bolsonaro         PSL         São Paulo            Escrivão da Policia Federal

General Peternelli          PSL         São Paulo            General de Exército

Policial Katia Sastre         PR          São Paulo            Policial Militar

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Capitão Augusto              PR          São Paulo            Capitão da PM

Tenente Derrite              PP          São Paulo            Tenente da PM

Coronel Tadeu  PSL         São Paulo            Tenente-Coronel da PM

Abou Anni          PSL         São Paulo            Policial Militar

Edna Henrique PSDB     Paraíba Delegada da Polícia Civil

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Bombeiro, juiz e coronel surpreendem na disputa para governador

Candidatos a governador ligados à segurança ganharam em cinco estados, um número recorde no período pós-redemocratização do país, mas três nomes foram grandes surpresas. O bombeiro de Santa Catarina Comandante Moisés (PSL), o ex-juiz federal Wilson Witzel (PSC), candidato no Rio de Janeiro, e o Coronel Marcos Rocha (PSL), vencedor em Rondônia, entraram na disputa com quase nenhuma chance, mas surfaram na onda Bolsonaro e superaram todas as previsões.

Santa Catarina

Pesquisa do Ibope divulgada a dois dias do primeiro turno colocava Comandante Moisés em quarto lugar na corrida estadual, distante dos três primeiros colocados. Mauro Mariani (MDB) liderava com 25% das intenções de voto, seguido por Gelson Merisio (PSD), com 23%, e Décio Lima (PT), com 19%. O comandante do Corpo de Bombeiros aparecia com apenas 9%.

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A disputa parecia ter ficado entre os três primeiros colocados. Mas no domingo, quando foram abertas as urnas, veio a grande surpresa. O candidato do PSL) apareceu em segundo lugar, praticamente em empate com o primeiro colocado.

A virada aconteceu no segundo turno, quando Comandante Moisés disparou na frente. Com 100% das urnas apuradas, o militar reformado obteve 71,09% dos votos.

Rio de Janeiro  

No Rio a surpresa não foi menor. Pesquisa Ibope divulgada no dia 3 de outubro, menos de uma semana das eleições, colocava o ex-juiz Wilson Witzel praticamente fora da disputa, com apenas 7%. Na frente estavam o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM), com 26%, o ex-jogador de futebol Romário (Podemos), com 19%, e Índio (PSD), com 10%.

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O resultado das urnas, no entanto, desmontou todos os prognósticos. Wilson Witzel se aliou a Bolsonaro e terminou em primeiro lugar. No segundo turno ninguém segurou a onda. Apresentando-se como ‘outsider’ da política, Witzel venceu com quase 60% dos votos.

Rondônia

A onda bolsonarista também foi forte em Rondônia. Repetindo o que ocorreu em Santa Catarina e no Rio de Janeiro, todas as pesquisas previam um embate entre Expedito Junior (PSDB) e Maurão de Carvalho (MDB) para o segundo turno. Mas Coronel Marcos Rocha, aliado de primeira hora de Bolsonaro, levou a melhor, com 23,99% dos votos. Expedito ficou com 31,59%.

No segundo turno não houve chance para o adversário. O coronel venceu com 66,14% dos votos.

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Maranhão

Na ‘terra dos Sarneys’, o ex-juiz Flávio Dino (PCdoB) venceu a disputa com Roseana Sarney (MDB) e ganhou o direito de governar o estado por mais quatro anos. Foi a segunda vez que o governador enfrentou o grupo político mais antigo em atividade no Brasil. Em 2014, o candidato do PCdoB derrotou a família Sarney colocando fim a supremacia de meio século. Roseane foi governadora do Maranhão por quatro mandatos.

Diferentemente dos bolsonaristas, o ex-juiz fez campanha para Haddad (PT) à Presidência da República.

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Sergipe

No estado em que Haddad (PT) reinou absoluto na disputa presidencial, houve virada na corrida ao governo estadual no segundo turno. O líder era Valadares Filho (PSB), mas quem saiu vitorioso foi o defensor público aposentado Belivaldo Chagas (PSD).