O pivô da crise no governo Temer envolvendo seu titular da Secretaria de governo, Geddel Vieira Lima, e que levou à demissão de Marcelo Calero do Ministério da Cultura é um empreendimento de luxo na Barra, bairro nobre de Salvador. Na região estão sítios históricos ou tombados como o Cemitério dos Ingleses, o Forte de São Diogo e a Igreja de Santo Antônio da Barra.
O La Vue Ladeira da Barra [La Vue, vista em francês] foi projetado com 30 andares em local histórico da capital baiana, onde só é permitido prédio de até 13 andares.
O empreendimento tem 24 apartamentos, um por andar. São 23 unidades de 259 metros quadrados, com quatro suítes e uma cobertura “top house” de 450 metros quadrados. Todas as unidades têm quatro vagas de garagem, além de vagas para visitantes.
O espaço coletivo do empreendimento prevê piscina com borda infinita e vista para o mar, espaço gourmet, academia, SPA, sauna, sala de jogos, brinquedoteca, quadra e parque infantil.
Os apartamentos são vendidos a partir de R$ 2,5 milhões.
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) da Bahia deu autorização para a construção do prédio em 2014. Logo em seguida, Geddel firmou promessa de compra de uma unidade, mas a construção foi embargada pelo Iphan nacional em 2016, durante o governo Dilma Rousseff.
Calero denunciou que, logo após ter assumido o Ministério da Cultura, com o impeachment de Dilma, foi procurado por Geddel com o relato de que havia uma ‘decisão absurda’ do Iphan sobre o prédio, que deveria ser reanalisada.
O Iphan então revogou o parecer contrário à obra e reabriu prazo para a defesa da empreiteira se manifestar. Em outubro deste ano, o corpo técnico do Iphan manteve o entendimento contrário à liberação da obra.
Calero diz ter sido pressionado por Geddel para interferir e liberar a obra. No último dia 16, o Iphan concluiu parecer contrário ao empreendimento, determinando sua readequação ao gabarito, ou seja, limitando aos 13 andares.
O Planalto fez nova investida e sugeriu a Calero que o Ministério da Cultura apresentasse um parecer divergente, para que o caso pudesse ser definido pela AGU. Calero, então, pediu demissão do MinC e denunciou o caso publicamente.