Muito se tem falado da democratização da sociedade brasileira. Desde o fim do regime militar a nação avançou, mas existe uma (quase) infinidade de barreiras a serem superadas. Um desses obstáculos – para alguns de visão míope, tem menor importância – é a conquista da democracia interna nos partidos.
A cultura partidária no Brasil ainda é a dos coronéis, dos caciques, dos donos do dinheiro e assim por diante. Não há participação ativa de quem está na base da maioria dos partidos brasileiros. As decisões geralmente são de cúpula. Pequenos grupos decidem quem será o candidato a prefeito, a governador, a senador, a deputado e a presidente da República. São esses mesmos grupos que decidem quem comanda a legenda, em qualquer nível.
O PT também tem seus problemas. E não são poucos. Há grupos que conquistaram a hegemonia partidária há décadas, o que dificulta a alternância na direção, inibe novas práticas e impede a oxigenação de ideias. Há casos de petistas que chegaram ao poder e acabaram se envolvendo em corrupção e outros desvios. Como em todas as organizações sociais, sempre tem alguém que perde o caminho. Mas não se pode negar o fato de que é a única agremiação minimamente organizada do Brasil.
Desde 2001 – portanto faz mais de uma década – os petistas escolhem seus dirigentes por meio de eleição direta. Todos os filiados podem votar e há uma disputa saudável pelo comando dos diretórios municipais, estaduais e nacional.
Neste domingo, por exemplo, cerca de 800 mil filiados estão habilitados para votar. Estão ocorrendo debates em todas as regiões do país, desde pequenos municípios a grandes cidades.
Questionamentos não faltam, como é comum e salutar num processo democrático. Um deles é o inchaço de última hora no número de filiados aptos a votar. Todas as denúncias precisam ser apuradas e amplamente debatidas, mas há que reconhecer o lado positivo da disputa.
O número de candidatos à presidência nacional do partido e as diferentes correntes ideológicas que eles representam são sinais claros de que a democracia interna no PT não está morta. E essa democracia, quanto mais avança, mais abre possibilidades para combater práticas condenadas, como corrupção nos governos e outros poderes.
O historiador Valter Pomar representa a corrente partidária Articulação da Esquerda e o ex-deputado Renato Simões concorre pela tendência Militância Socialista. O grupo majoritário, que tem mandado no PT, está representado pelo atual presidente, Rui Falcão, da corrente Novo Rumo. Também concorrem Markus Sokol, economista e ex-secretário de comunicação do partido, pertencente ao grupo O Trabalho; Serge Goulart , historiador e dirigente nacional da legenda, representando a Esquerda Marxista; e Paulo Teixeira, deputado federal por SP e candidato pela corrente Mensagem ao Partido.
No Paraná, quatro candidatos disputam a presidência do Diretório Estadual: o deputado federal Dr. Rosinha, o jornalista Roberto Elias Salomão, o sindicalista Ulisses Kaniak e o atual presidente do PT-PR, deputado Enio Verri.
Os outros partidos brasileiros têm algo a aprender com o petismo quando se trata de organização partidária.
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