Desde as manifestações do “Fora Collor”, em 1992, a população brasileira estava adormecida diante dos problemas sociais do país. Nesse período ocorreram protestos, mas foram isolados e com baixa participação.
As medidas do governo FHC de controle da inflação nos anos 90 e as políticas sociais de Lula a partir de 2003 contribuíram para o silêncio das ruas. Outro fator que abafou a indignação foi a vitória do PT nas últimas eleições. O partido exerce forte influência nos movimentos sociais e sindicais, o que serviu para conter os ânimos.
Mas, nos últimos dias, as cidades brasileiras voltaram a se transformar em palco para a expressão das insatisfações.
As análises que atribuem a revolta das ruas unicamente ao aumento das tarifas do transporte urbano estão equivocadas.
Como está ocorrendo em toda a Europa – Grécia e Turquia, onde a repressão a uma manifestação pacífica contra a destruição de um parque se transformou numa grande mobilização, são os exemplos mais recentes -, no Brasil o preço da passagem do ônibus e do metrô é apenas uma das insatisfações.
Os brasileiros estão novamente nas ruas contra a inflação crescente, a alta incontrolável dos preços, a estagnação da economia e outros males.
Os protestos representam ainda a indignação contra os desmandos, a corrupção e os gastos desnecessários em setores que pouco ou nada contribuem para o desenvolvimento social e econômico do país. São frutos do baixo investimento em educação e saúde.
Ao contrário do que ocorria no passado, quando o futebol servia de anestésico – o “ópio do povo” –, agora, em plena Copa das Confederações, a população está nas ruas, com ou sem jogo da Seleção Brasileira.
Manifestações pacíficas são legítimas e reforçam a democracia. Manifestações violentas não contribuem para avançar na construção de um país melhor.
As reivindicações dos manifestantes são justas, mas não se justificam os atos de vandalismo registrados à noite. Como também é ilegítima a ação violenta de policiais.
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