Oposto do amor [ou a face reversa], o ódio poucas vezes é explícito. Nem por isso nos deixa no dia a dia. Odiar é um sentimento impossível de ser evitado, ou de ser dito. “Eu odeio isso; eu odeio aquilo; odeio ele ou ela”, são expressões que ouvimos todos os dias.
Mesmo que seja da boca para fora, você odeia alguém, alguma coisa.
Há quem que odeie a cicatriz braço corpo, a mancha na pele, o dente torto, o corte do cabelo, o tamanho da orelha, as manhas de chuva, a felicidade do outro. Não são poucos os que odeiam a opinião diferente, outras formas de ver o mundo e as coisas.
O escritor George Orwell (1903-1950) narra em seu livro 1984 os “dois minutos de ódio”, criado pelo Partido para direcionar toda a raiva da população ao seu inimigo e fazer com que as pessoas esquecessem suas vidas e, assim, amar apenas o Grande Irmão. Na história de Orwell há também o Ministério do Amor, que reprimia o sexo e estimulava o ódio entre as pessoas.
Na dura realidade dos nossos dias, o ódio está tão presente como nunca. Odiar é sentimento da moda. A menina que odeia o ex-namorado, filhos que odeiam pais e vice-versa, colegas de trabalho e de escola que se odeiam. Jovens que odeiam velhos, idosos que odeiam jovens. Há ódio nos olhares, nas mesas dos bares e restaurantes, nas festas de aniversário e casamento, na solidão do quarto.
Há quem odeie a si próprio.
O ódio nasce da incompreensão, da arrogância, da violência. Espalha sementes e germina na pele, nos nervos, no sangue coalhado na esquina, na arma na mão do assassino.
Os dicionários definem o ódio como aversão intensa motivada por medo, raiva ou injúria sofrida; rancor profundo e duradouro que se sente por alguém. Na religião, o ódio seria a antítese da máxima do “amor ao próximo”. Dura contradição. A igreja jamais esteve imune ao ódio. A inquisição está aí para confirmar.
Na política o ódio serve de instrumento para conquistar e se perpetuar no poder. Para os EUA, os governos do Irã, Venezuela, Coreia do Norte, Cuba e outros que os contrariem são motivos de ódio. Para os presidentes da Venezuela, do Irã e da trinca rotulada como “eixo do mal”, os norte-americanos são sinônimos de ódio. Tantos uns como os outros precisam ter alguém para odiar. Assim descarregam seus ódios.
O escritor português Eça de Queirós talvez tenha definido bem essa força que domina as pessoas: “O ódio é um sentimento negativo que nada cria e tudo esteriliza”.
Ódio é a ausência de amor, ou o outro lado do verbo amar. Então, por que odiamos? Haveríamos de odiar a miséria imposta a milhões de pessoas no mundo, o preconceito, o autoritarismo, a humilhação, a injustiça, a espoliação, as guerras, o desprezo e tantas outras mazelas humanas. Haveríamos de odiar o ódio.
É o ódio que produz tudo isso.
Oposição diminui ênfase no STF e retoma pautas usuais do Congresso
“Conspiração tabajara”: Mourão ironiza suposta trama golpista e critica investigação; assista ao Entrelinhas
Deputado do PT questiona local da prisão de Braga Netto: “central de conspiração”
Policiais apontados por delator morto são presos por suposto envolvimento com PCC em São Paulo
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS