Em menos de uma semana, o governo do presidente interino Michel Temer (PMDB) ganhou um símbolo nada elogiável: o de indeciso. As idas e vindas e atritos em assuntos polêmicos foram suficientes para ganhar a marca de governo vacilante.
As confusões da nova equipe vão da eventual recriação da CPMF a mudanças nas regras de escolha do procurador-geral da República e possíveis cortes no Sistema Único de Saúde (SUS).
Logo nos primeiros dias, Temer desautorizou a proposta de seu ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, de mudança no processo de escolha do procurador-geral da República.
O novo ministro da Justiça havia dito que iria sugerir ao presidente em exercício uma alteração na regra de escolha do chefe do Ministério Público. “Surpreso”, horas depois Temer afirmou que manterá a tradição de escolher o mais votado na eleição interna dos procuradores da República.
Seguindo o exemplo do chefe, com suas idas e vindas, o novo ministro da Saúde, Ricardo Barros, afirmou que o governo poderia “repactuar” direitos universais previstos na Constituição, como a saúde, por arrecadar menos do que gasta. Horas depois, recuou e disse que o Sistema Único de Saúde (SUS) é um direito garantido.
As vacilações não param aí. Depois de anunciar o fim do Ministério da Cultura e sua anexação pelo Ministério da Educação, Temer recuou e decidiu criar uma secretaria nacional de Cultura. Mas o recuo não bastou e os protestos contra o fim do Minc se espalharam pelo país.
O perfil de governo indeciso já havia sido demonstrado antes mesmo de Temer assumir a Presidência. Dias antes da votação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff no Senado, o vice recuou do recuo da montagem do ministério.
O mais novo recuo do governo federal é a possibilidade de nomeação de um homem para a Secretaria Nacional de Cultura. Antes, Temer havia dito que a pasta seria ocupada por uma mulher.