Ouça este conteúdo
Ex-presidentes, ex-primeiros-ministros e personalidades relevantes do mundo da economia e das relações internacionais enviaram uma carta ao G20 – grupo que reúne as principais economias do mundo – exigindo uma ação global urgente para fazer frente às graves crises de saúde e econômica causadas pela pandemia de coronavírus nos mais diversos países.
Entre as personalidades que assinam o pedido estão Tony Blair, ex-primeiro ministro do Reino Unido; Felipe González, ex-chefe de governo da Espanha; Malala Yoursafzai, prêmio Nobel da Paz de 2014; Joseph Stiglitz, economista-chefe do Banco Mundial entre 1997 e 2000 e Nobel de Economia de 2001; Felipe Calderón, ex-presidente de México; Mauricio Macri, ex-presidente da Argentina; Gordon Brown, ex-primeiro ministro do Reino Unido e Erik Belglöf, economista-chefe do Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento.
“Para ambas as coisas (crise na saúde e crise econômica), é necessário que os líderes mundiais se comprometam a financiar quantidades muito superiores à capacidade atual das nossas instituições internacionais”, diz o documento publicado pelo Project Syndicate.
Os líderes que assinam a carta alertam que “se não atuarmos à medida que a doença avança pelas cidades e pelos bairros mais pobres de África, da Ásia e da América Latina, com poucas equipes de teste, poucos ventiladores e escasso material médico, e nos quais é muito difícil implementar o distanciamento social e até a higiene das mãos, o coronavírus persistirá nessas zonas e reaparecerá para atacar o resto do mundo em novas ondas que prolongarão a crise”.
Para uma frente global contra a pandemia, os signatários do documento endereçado ao G20 defendem que os governos mundiais “devem concordar imediatamente em comprometer US$ 8 bilhões para preencher as lacunas mais urgentes na resposta à covid-19.
Parte desses recursos, segundo o documento, devem ser distribuídos emergencialmente da seguinte forma:
- US$ 1 bilhão para a Organização Mundial de Saúde (OMS), que está dependendo de doações para levar adiante seu trabalho de combate à pandemia;
- US$ 3 bilhões para o desenvolvimento de vacinas pela Coalizão de Inovações em Preparação para Epidemias (CEPI), responsável pela coordenação global dos estudos;
- US$ 2,25 bilhões para terapêutica para oferecer 100 milhões de tratamentos até o final de 2020.
Na carta, os líderes defendem ainda medidas urgentes de suporte a empresas e indivíduos e afirmam que as economias emergentes – e em particular as dos países mais pobres – precisam de ajuda especial, para garantir que o apoio chegue a todos os afetados pela drástica diminuição da atividade econômica. “Deve haver uma alocação adicional de cerca de US$ 500 a US$ 600 bilhões em Direitos de Saque Especiais (DSE)”, diz o documento.
Serão necessários ainda, de acordo com a carta, mais US $ 35 bilhões – valor estimado pela OMS – para apoiar países com sistemas de saúde mais fracos e populações especialmente vulneráveis, incluindo o fornecimento de suprimentos médicos vitais e apoio emergencial à força de trabalho nacional em saúde (70% dos quais em muitos países são mulheres mal pagas).
Os líderes e autoridades que assinam o documento propõem ainda “uma conferência global de comprometimento para garantir recursos destinados a atender a essas necessidades globais emergenciais de saúde”.