A face real do vice-presidente Michel Temer começa a ser conhecida antes mesmo de ele assumir o lugar da presidente Dilma Rousseff. Ao classificar de “golpe” a possibilidade de realização de novas eleições, o vice demonstra que despreza a vontade popular.
A fala de Temer atenta contra a Constituição. A eleição dele e de Dilma está sendo analisada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Caso a chapa Dilma/Temer seja cassada, a carta constitucional determina que deverá ser realizada nova eleição.
Outro agravante é que o vice-presidente foi citado por acusados na Operação Lava Jato, que investiga um esquema de corrupção na Petrobras. O caso pode terminar em julgamento no Supremo Tribunal Federal e resultar em cassação do mandato.
Temer também desconsidera a possibilidade de o Congresso aprovar uma emenda Constitucional antecipando as eleições, mas ao mesmo tempo considera constitucional esse mesmo Congresso cassar o mandando de presidente da República. Há, no mínimo, uma contradição nesse posicionamento. Ou maquiavelismo político.
O lado autoritário de Temer ficou evidente ainda ao falar de possíveis protestos contra seu eventual governo. O vice disse que movimentos e grupos de esquerda “podem até protestar” contra ele durante o período de ausência de Dilma, “contanto que não infernizem a vida do país”.
Em outras palavras, para Temer, manifestações contra seu possível governo não serão um direito de todo cidadão, mas sim uma forma de infernizar o país. Será que os protestos de rua contra o governo Dilma foram uma forma de “infernizar o país” ou uma manifestação legítima do descontentamento de setores da sociedade?
Temer nem começou e já demonstra intolerância. O Brasil caminha para dias ainda mais incertos.