Nesta quinta-feira (1º de julho), o Partido Comunista da China (PCC) comemora 100 anos. É uma marca impressionante, especialmente quando comparada à história dos partidos no Brasil e outros países ocidentais, que nascem e morrem de acordo com os oportunismos de seus líderes. Às vésperas do centenário do PCC – uma organização partidária com mais de 92 milhões de filiados –, as reportagens e análises sobre o grande feito são fartas na mídia ocidental, mas poucas destacam a ausência de mulheres no alto comando do partido.
A instância máxima da cúpula do PCC é o Comitê Permanente do Politburo. O órgão é composto pelos mais altos líderes partido. Todos os setes integrantes atuais são homens. O comitê é liderado por um secretário-geral, cargo ocupado por Xi Jinping, atual presidente do país e que também preside a Comissão Militar Central.
Os outros membros do Comitê Central Permanente ocupam cargos-chave na hierarquia do poder chinês. Li Keqiang é o primeiro-ministro da China; Li Zhanshu preside o Comitê Permanente do Congresso Nacional do Povo; Wang Yang preside a Conferência Consultiva Política do Povo Chinês; Wang Huning é primeiro-secretário do partido. Além deles também integram o grupo Zhao Leji e Han Zheng.
A instância do PCC anterior ao Comitê Permanente é o Politburo. Composto por 25 membros, 24 deles são homens. A única mulher é Sun Chunlan, de 71 anos, que também é vice-primeira-ministra do país. De origem operária – ela trabalhava na fábrica de relógios Anshan Clock Factory, onde ingressou nas fileiras do PCC –, Sun chegou ao Politburo depois de escalar uma série de degraus na hierarquia partidária. Foi secretária do partido na província de Fujian e em Tianjin. Foi também chefe do Departamento de Trabalho da Frente Unida do Comitê Central do PCC e primeira secretária da Federação de Sindicatos.
O Comitê Central é o órgão que concentra as grandes decisões do partido, mas se reúne normalmente apenas uma vez por ano. Com isso, na prática, o Politburo e o Comité Permanente, comandam as ações. O Comitê Central é composto por 350 membros, a maioria homens.
A presença minoritária de mulheres do PCC repete a realidade de países ocidentais, onde as legendas partidárias são em sua maioria comandadas por homens. No Brasil, por exemplo, os partidos raramente têm mulheres da presidência – entre as grandes legendas o PT é uma exceção atualmente, com Gleisi Hoffmann na direção máxima.
Assim como ocorre em muitos países de democracia liberal, as mulheres também têm menos chances de chegar ao governo chinês. Desde a revolução comunista de 1949, quando Mao Tse-tung assumiu o poder, apenas uma mulher teve papel de alto destaque no comando da China. Foi Song Qingling, esposa de Sun Yat-sen, líder da Revolução de 1911, que estabeleceu a República da China. Ela esteve à frente do Comitê Permanente de julho de 1976 a março de 1978.
Na comparação com os Estados Unidos, não muita diferença. Desde que a Constituição norte-americana entrou em vigor, em 1789, o pais teve 46 presidentes da República. Nenhuma mulher chegou ao posto máximo. A democrata Hillary Clinton foi quem esteve mais perto. Em 2016, ela venceu a eleição presidencial no voto popular (65,8 milhões de votos contra 62,9 milhões de Donald Trump), mas somou menos delegados e perdeu no colégio eleitoral.
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